Tuesday, January 29, 2019

Xi, errei! E agora?

Eu costumo escrever aqui no meu blog o que estou fazendo, com o que estou trabalhando, como eu me organizo, como tentar ser mais produtivo, entre outros assuntos. Porém, às vezes as coisas não acontecem como desejamos. Num mundo ideal, tudo funciona direitinho e com a experiência vamos adquirindo hábitos que previnem que a gente cometa erros. Hoje, enquanto trabalhava, percebi que fiz várias bobagens numa mesma ilustração. Será que era porque eu estava ouvindo música e os neurônios estavam distraídos?  Rindo de mim mesma, pensei: por que não contar no meu blog essa experiência?   

Quando eu comecei a trabalhar como ilustradora, lembro que fiz três vezes a mesma ilustração porque estava sempre borrando no mesmo lugar. Era um pedaço que eu havia determinado que deveria ficar em branco. Hoje, aprendi que isso acontece muito e já tenho algumas técnicas para consertar o que não saiu conforme o esperado. A arte é mesmo messy, ou seja, bagunçada. Por mais que eu tente me manter organizada, e isso é algo que tento sempre fazer, pois já percebi que meu trabalho flui bem melhor, ainda assim, quando estou trabalhando num livro e com prazos muito apertados, faço uma bagunça. Confesso que acabo arrumando mesmo só depois que termino tudo. É tinta fora do lugar, pincéis que mais uso fora do potinho deles, pincel prendendo o cabelo, tesourinha perdida, cola, bandejinhas e pratinhos com tinta, lápis de cor na caixa errada, recortes de tecido e linhas espalhadas, sem falar no meu celular, que fica perdido no meio de tudo isso. 



Olha como fica, só não conte pra ninguém. Rsrs. 




Meu paninho de limpar pincel já viu dias melhores.



O fato é que, por mais que a gente cuide, ainda assim pequenos acidentes acontecem. Mas como para errar basta estar vivo, graças dou por isso. Só hoje, na ilustração que eu estava fazendo, cometi vários deles:



. Coloquei a ilustração para o lado e esqueci que tinha uma bandeja com cola. Nem preciso dizer que ficou cola no verso da ilustração. 😀 Ainda bem que limpei rapidinho e coloquei um papel por baixo para não grudar em nada caso o que restou de cola ainda estivesse úmido.



. Quando estava acentuando o brilho e a sombra da personagem (luz vindo da esquerda), percebi que nos outros objetos eu tinha feito a luz vindo da direita... 😲 As luzes e sombras não são algo que seja regra numa ilustração, e muitos ilustradores não se preocupam com isso, mas mesmo assim arrumei. 



. Ao levar o pincel para o meu baldinho com água, deixei pingar algumas gotas no desenho... 😶 Limpei os pingos delicadamente com um pincel úmido e absorvi a tinta com um paninho. Uma das vantagens - e desvantagens - do acrílico é que, uma vez seco, não sai mais com água, por isso não estragou o que já estava pronto.



. Para finalizar, ao pintar o rosto da personagem, apoiei a mão em cima da tinta fresca e borrei um pedacinho. 😄 Quanto ao que borrei, consegui limpar porque a tinta ainda estava úmida. Às vezes eu até uso um pedaço de papel para cobrir parte da ilustração para apoiar a mão enquanto estou pintando. Mesmo depois de acabada, como uso lápis para dar acabamento, apoiar a mão pode deixar tudo borrado.


No caso da ilustração que fiz três vezes há alguns anos, hoje percebo que poderia ter feito algo diferente na parte branca. Ter pintado de branco por cima (apesar de não dar o mesmo efeito que eu queria) poderia ter resolvido. Embora seja um recurso que não utilizo muito, atualmente tenho bem mais experiência com programas de computador que podem consertar pequenos detalhes depois da ilustração digitalizada.

Há alguns anos fiz um curso em Sármede, e o professor sugeria sujar o papel para iniciar o desenho. Derramar algumas gotas de tinta era suficiente. Se fosse de tinta vermelha, melhor ainda. Acho que vermelho era a cor preferida dele. Segundo ele, isso tira o medo que o papel em branco dá e desbloqueia a criatividade. 

De fato, isso dá mais liberdade e menos medo de errar, afinal o papel já está manchado mesmo. E, com acrílico, dá pra cobrir as partes que fizemos e não gostamos depois que as manchas estiverem secas. Ou usar os borrões iniciais para formar figuras na ilustração. Como geralmente começo fazendo o fundo da ilustração, não costumo utilizar essa técnica, mas pode ser muito útil se 'der um branco' na hora de criar uma ilustração.

E você, já fez alguma coisa que não queria na sua ilustração?  Ou teve um pequeno acidente como eu? Conseguiu resolver? Conte pra mim nos comentários! 😘








Friday, January 18, 2019

Modificações ao Longo do Percurso - Ilustração Infantil

Na semana passada eu falei sobre o meu processo de trabalho e os rafes. Ao escrever aquela postagem, percebi que tinha modificado uma ilustração e nem lembrava. Olha só que interessante.

Quando a autora entrou em contato comigo em 2012 para ilustrar seu livro, eu já me pus ao trabalho e fiz uma rafe da primeira ilustração do livro. 

Veja que na rafe da mamãe pegando o bebê, eu fiz o bebê de costas. No início pensei em fazê-lo chorando virado para o leitor, ou então em pé no berço, entre tantas outras opções.




Porém, ao trabalhar na ilustração, acabei modificando e finalizando a mesma um pouco diferente. Embora seja raro, isso às vezes acontece. 😀


A autora e eu pretendíamos apresentar o projeto a um concurso internacional, e eu deveria fazer uma ilustração completa para anexar ao texto. Ela iria providenciar toda a documentação, montar o projeto e se responsabilizar pelo envio. 

Enquanto eu estava trabalhando nessa ilustração, infelizmente a autora teve alguns problemas particulares, e por isso acabamos não enviando nem o texto e nem a ilustração ao concurso. 

Demos um tempo no trabalho e acabamos retomando somente muito tempo depois. Quando eu fui ver a ilustração que havia feito antes, achei que eu poderia fazer melhor (afinal a gente está sempre tentando melhorar a cada dia) 😀 e decidi refazê-la. Veja abaixo como ficou. 



Esse projeto acabou tomando outros rumos e o livro 'Cheiros' foi lançado no ano de 2017, pela Editora Insight. 

Achei super legal ter encontrado essa ilustração antiga e perceber que, só porque algo não foi finalizado naquele momento, ainda assim pôde ser retomado muito tempo depois e resultou num livro tão especial como o 'Cheiros'! 

Wednesday, January 16, 2019

Meu Processo de Trabalho na Ilustração Infantil


Como muitas pessoas ficam curiosas a respeito do meu processo de trabalho, resolvi publicar uma postagem sobre o mesmo novamente. Decidi unir duas postagens antigas e, como nos últimos anos o mercado editorial mudou muito, também fiz algumas adaptações.

Várias pessoas me perguntam como faço as minhas ilustrações. Algumas perguntam se são digitais, outras me perguntam como consegui ‘aquele’ efeito, outras não acreditam que eu ainda use materiais tão tradicionais como acrílico e pincéis. Eu até tenho uma mesa digitalizadora que é fantástica, e uso alguns softwares para alguns trabalhos, mas gosto mesmo é das tintas! Principalmente a tinta acrílica. É um tipo de material muito versátil e de secagem rápida, e gosto muito dos efeitos que me permite executar. Enfim, sou fã.

Mas como é que eu faço uma ilustração? Ou melhor, como é que eu organizo o meu trabalho de ilustração de um livro infantil, desde o comecinho?  Bem, eu gostaria de apresentar um pouco do meu processo de trabalho na ilustração de um livro infantil.

Análise do Texto, Story-Board e ‘Boneca’ do Livro

Tudo começa com o texto. Geralmente a editora (ou o autor) me manda o texto e solicita um orçamento. O orçamento depende do número de páginas e do formato do livro. Também é importante ressaltar que o valor das ilustrações depende do uso da ilustração.

Depois de acertado o orçamento, prazos, formatos, etc, eu leio o texto várias vezes (alguns trechos eu chego a memorizar de tanto ler) e tento imaginar o que o autor quer dizer com aquele trecho ou frase.
Não basta ler só uma vez, a gente tem que ‘sentir’ o texto, de forma que depois possamos ‘traduzi-lo’ em imagens. A cada vez que lemos algo, descobrimos alguma novidade no texto. E, enquanto leio, faço também anotações referentes a outros textos, características dos personagens, sentimentos, lugares...  Também imagino o que os leitores vão pensar a respeito daquele trecho, que emoções estão sentido os personagens e quais emoções o texto vai suscitar nos leitores, como é o clima do momento, em que ambiente estariam ou não, se passou certo tempo na história, etc.

Ao mesmo tempo, faço muita pesquisa sobre o assunto do livro, sobre a época, roupas, hábitos, cores, moradias, tipo de vegetação e até leio outros textos que tem afinidade.  Enquanto isso, em minha mente os personagens já começam a aparecer... o que vestiriam, traços físicos, personalidade... Faço alguns esboços, procuro referências visuais, não só para saber como poderiam ser, mas até mais para evitar a repetição do que já existe. Sobre animais, por exemplo, observo a anatomia, como é o corpo, suas cores e variações. Embora a anatomia seja importante, muitos ilustradores não se preocupam muito com isso, principalmente no universo do livro infantil. Mas acho a anatomia relevante para que o animal seja identificado. É importante que o leitor não confunda os animais, como acontece com uma luva de silicone que tenho: como as formas são super simplificadas e é cor de rosa, o que na verdade é uma vaca, acaba sendo confundido com um porquinho...rsrs... somente dois chifrinhos na cabeça denunciam a vaquinha. E olhando de frente dá pra dizer que é um lacinho na cabeça da porquinha. 😂

A partir da leitura eu começo a dividir o texto pelo número de páginas. É importante lembrar que no livro há também a folha de rosto, os créditos, e às vezes até dedicatória. Mais do que um story-board, eu gosto de fazer uma ‘boneca’ do livro, onde faço anotações e alguns esboços. Também costumo imprimir o texto e colar os trechos nas folhas. Isso facilita não só a visualização da posição do texto, mas deixa o texto acessível para eu verificar sempre se a ilustração tem a ver com o texto daquela página. É um processo bem artesanal, talvez alguns considerem até meio ultrapassado, mas funciona bem para mim. Além desse processo físico, também costumo fazer a mesma coisa de modo digital: crio um ‘livro’ no computador, insiro o texto separado em cada página, e insiro os roughs (rafes) nas páginas. Esse arquivo é o que eu costumo enviar para a editora para a aprovação dos roughs. Além de apresentar visualmente a ideia do que pretendo fazer ao editor, esse arquivo também ajuda o diagramador – se não for eu mesma a diagramar - a saber o trecho do texto que se refere a cada ilustração e o que deve colocar em cada página. 

Roughs - Rafes

E o que são os Roughs? Também muito usada a palavra ‘rafes’, roughs são os esboços ou rascunhos das ilustrações, na maioria das vezes feitos a lápis.

Cada pessoa que lê um texto imagina de um jeito. O editor, quando solicita um trabalho de ilustração, não tem ideia do que você está pensando. Como ele terá segurança de que o resultado final do seu trabalho irá de encontro às expectativas dele?

Quando recebo uma solicitação de orçamento, geralmente eu já estabeleço nas ‘condições’ que entregarei os rafes alguns dias depois de ter assinado o contrato e que, após a aprovação dos mesmos, as ilustrações não poderão ser mais alteradas sem ônus. O tempo de qualquer profissional, inclusive o ilustrador, é precioso e não podemos ficar alterando ilustrações prontas. Temos que passar para o próximo trabalho (ou prospecção, tratativas, negociação, etc) pois é assim que pagamos nossas contas. Apesar de muitos pensarem que o ilustrador passa seus dias ‘rabiscando, desenhando, pintando’, isso não quer dizer que você deva trabalhar de graça.

Voltando aos rafes: Para entrar num acordo e não ter que mudar uma ilustração inteira na última hora, eu sempre faço os rafes a lápis de cada página. Digitalizo essas imagens, monto um arquivo com as mesmas, insiro os trechos do texto referentes às imagens e envio esse arquivo (em formato pdf) para a aprovação da editora (Isso dá trabalho, mas também já me rendeu outros contratos). Com esse arquivo, o editor não só visualiza como vai ficar o livro, como também tem a certeza de que você pensou em tudo e que não vão faltar páginas para itens importantes como os créditos e a folha de rosto, nem espaço para o texto em cada ilustração. Como mencionei no post anterior, esse arquivo é útil para o diagramador, que não terá dúvidas sobre o que fazer com o texto e a ordem das ilustrações. Somente a partir do momento em que foram aprovados por escrito (no mínimo por e-mail), passo a trabalhar nas ilustrações do livro. Na ilustração digital, é comum os editores solicitarem mudanças depois da mesma pronta, porém, numa ilustração feita com tinta acrílica, é praticamente impossível fazer alterações sem prejudicar a imagem final.

Portanto, o rafe é importantíssimo para o trabalho do ilustrador. Certamente há ilustradores que trabalham de outro modo. Mas eu prefiro ter a aprovação do cliente antes de me dedicar horas a uma ilustração e no fim ter que alterar porque não passou pelo crivo do editor. Posso dizer que tenho sido ‘abençoada’ e que, até agora, a grande maioria dos meus rafes foram aprovados. Porém, isso não quer dizer que eu vá mudar o meu ‘modus operandi’. Prefiro continuar a fazê-los de modo a ter segurança de que a ilustração que estou fazendo não terá que ser refeita e que a editora sabe exatamente o que vai receber.

Outro aspecto muito importante do rafe é o que ele representa para o ilustrador. Um esboço nos ajuda a trabalhar sem a pressão da certeza. O que quero dizer com isso? Você pode criar livremente, errar, sem ter que se preocupar em entregar aquele trabalho. Pode refazê-lo e modificá-lo quantas vezes quiser, pode riscar e rabiscar por cima. É o que nos ajuda a desenvolver a ilustração. Enquanto desenho pensando no texto, também faço anotações de outras alternativas (cabelo, penteados, tipos de roupa, cor do fundo, pequenos detalhes no ambiente e nas roupas, características das pessoas, onde ficará o texto...). 

Geralmente bem simples, abaixo alguns exemplos do como são os meus rafes.






Após a aprovação dos rafes, faço um cronograma e um inventário de ilustrações para que eu saiba o ritmo de trabalho que devo empregar. Há editoras que querem 250 ilustrações para daqui a 30 dias e há aquelas que dão 60 dias para 32 ilustrações. Por isso, organizar o meu trabalho me dá segurança e também sei exatamente o quanto devo fazer a cada dia para entregar o meu trabalho dentro do prazo estipulado.

Em seguida, passo à execução das ilustrações, digitalização e entrega das ilustrações. Dependendo do caso, também faço a diagramação, fechamento de arquivo e envio para a gráfica.

Em breve vou mostrar tudo isso a vocês, pois estou montando um curso completo de como fazer um livro infantil, desde o manuscrito original até o envio do arquivo final para a gráfica. Esse curso será em vídeo e online. O objetivo é alcançar todos que desejam se tornar profissionais de ilustração infantil, mesmo que morem em lugares remotos, não tenham tempo e queiram assistir às aulas conforme a sua agenda permitir. Por isso, como estou em fase de desenvolvimento, esse é o momento certo para você me enviar perguntas sobre a carreira de ilustrador. Ficarei feliz em poder ajudar. 

Tuesday, January 15, 2019

Vantagens de ser Ilustradora - Trabalhando Remotamente

Como já comentei aqui no blog, eu venho de uma família bem simples. Meu pai era vendedor e minha mãe dona de casa. Então, embora o meu sonho de ser ilustradora exista desde pequena, antes de realizá-lo precisei de muitos anos de esforço e aprendizado. Trabalhei antes como professora, auxiliar administrativo, costurei lingerie para aumentar a renda, trabalhei como datilógrafa (acredita?), pintei panos de prato (rsrs... acho que só eu desenhei ursinhos carinhosos em panos de prato), fiz crochet nas beiradas, preparei comida congelada para vender no bairro, vendi frutas na feira... Mas o meu sonho mesmo era trabalhar como artista plástica e ilustradora. Mesmo trabalhando em outras áreas, nunca deixei de sonhar com a minha profissão, sempre dando pequenos passos para chegar onde queria.

Mas isso não foi assim tão fácil. Embora eu quisesse fazer faculdade de Artes, não tinha condições nem de arcar com os custos de material para me preparar. Decidi então prestar vestibular para Administração, porque teria ao menos condições de conseguir um trabalho. Com a falta de recursos, o meu único preparo foi o Ensino Médio em uma escola pública. Aliás, estudei em escola pública a vida toda. Fiz Administração, me formei, arrumei um emprego... mas o sonho de trabalhar com ilustração continuava vivo dentro de mim. Depois casei, tive um filho, deixei a empresa onde trabalhava... e decidi que era hora de tirar o meu sonho da gaveta. Prestei vestibular para Desenho. Minha mãe pegava 3 ônibus para ficar com meu filho enquanto eu ia às aulas. Terminado o primeiro ano, meu marido recebeu um convite da empresa: passar dois anos na Itália. Claro que aceitamos na hora. 

No início foi difícil. Muitas coisas diferentes, a cidade bem pequena. Os horários eram diferentes, as matrículas para a escola aconteciam meses antes e nem sempre tinha vaga, tudo muito burocrático. Até o supermercado fechava na hora do almoço e só abria às 15:30h. Para fechar às 18h. 

Mas, mesmo sem falar a língua direito, arrisquei viajar com meu filho de 2 anos para obter informações sobre o curso de Pintura, em Veneza. A viagem de trem levava uma hora e meia e mais 30 minutos de caminhada. Fiz a inscrição para o vestibular, mas também foi muito difícil. Sendo estrangeira, tinha um processo muito burocrático. A documentação tinha que sair do Brasil e passar pelo consulado, toda tradução tinha que ser juramentada, e até foto autenticada tive que fazer. Mas... deu certo e passei no teste.

Foram quatros anos muito corridos. Não foi fácil conciliar casa, filho e estudo, mas consegui terminar a faculdade de Pintura. Para dar conta dos trabalhos, muitas vezes (muitas mesmo) fui dormir às 3h da manhã. Fazer provas orais em outra língua também não foi fácil, mas eu sabia que era uma oportunidade única. Apresentar a tese em italiano para a banca e os alunos foi assustador... tão assustador que, da turma, só 8 se formaram. Outros decidiram deixar para tentar três meses depois, no que chamavam de 'segunda época'. 

Mas o que quero falar hoje é sobre uma das grandes vantagens em ser ilustradora freelancer, que é a possibilidade de trabalhar em qualquer lugar. Mesmo que você esteja a uns 11.000 km de distância. Atualmente, tudo que você precisa é de uma conexão à internet.

Moramos na Itália de 2000 a 2006, quando decidimos voltar ao Brasil. Em 2014 tivemos novamente a oportunidade de morar no exterior, dessa vez em Estocolmo, Suécia, e lá continuei trabalhando durante todo o tempo em que estivemos fora. Na verdade, mal tinha chegado, e nem tinha ainda internet onde estávamos instalados, e eu já tinha um livro para ilustrar. Foi um trabalho em preto e branco, o qual fiquei muito feliz em fazer.


E, enquanto estávamos lá, pudemos curtir a neve...


Vista do apartamento onde morávamos

Minha filha pôde brincar na neve, fazendo "anjinho", igual aos desenhos animados. :-)


Aprendeu a patinar no gelo ... 

Aqui eram 16h (no inverno escurecia muito cedo)

Curtimos a cidade e as atrações... Esse é o Parque Skansen.


Ver a Aurora Boreal da janela de casa não tem preço!


Minha mãe adorava cinema e me deu esse nome por causa da atriz Ingrid Bergman. Ingrid era sueca e tem uma foto dela no aeroporto de Arlanda. Sendo um nome popular por lá, tinha até vagão de metrô com o meu nome. E a fase em que a Coca-Cola colocava nomes nas garrafas me fez olhar todas do supermercado até achar uma com meu nome. Rsrs!



Nesses dois anos e meio em que moramos em Estocolmo, pude ilustrar vários livros. Em um trabalho convencional, das 9 às 18h, por exemplo, não teria sido possível eu continuar trabalhando. 

Veja alguns dos trabalhos que fiz enquanto estava fora do Brasil. 









Além disso, ainda fiz outros trabalhos, participei de feiras, seminários, dei workshops para crianças...


Gravura com as crianças da Escola Internacional

E por fim, até aprendi um pouco do idioma. 


Foram experiências maravilhosas. Aquela menina, que morou na Vila Formosa quando pequena, que muitas vezes teve que ir com a calça de uniforme molhada para a escola por só ter uma, jamais imaginou que um dia poderia conhecer outros países. Tive várias amigas enquanto estive fora do Brasil. Muitas tiveram que deixar o trabalho que gostavam para acompanhar o marido enquanto estavam fora. Quanto a mim, o fato de ser ilustradora não só possibilitou que eu continuasse a trabalhar como também pude participar de eventos na área literária. Isso sem falar no aprendizado de nova cultura, possibilidade de visitar museus, galerias de arte e na inspiração que tudo isso nos dá. 

Como todo trabalho autônomo, nem sempre é fácil ser ilustrador. E isso não é somente em nosso país. Mas uma grande vantagem de nossa profissão é que trabalhamos com o que amamos e podemos exercer de qualquer lugar. E isso não tem preço. 😘




Friday, January 4, 2019