Friday, April 24, 2020

Histórias Infantis


Hoje vamos falar um pouco sobre os textos das histórias infantis. Frequentemente recebo pedidos de orçamentos e sempre peço o texto para avaliar. Por que acho isso necessário?
Em primeiro lugar, só tenho como saber o quanto eu vou trabalhar numa ilustração se souber o que o texto diz. É muito complicado você dar um valor a uma ilustração sem saber quanto tempo vai empregar nela. O texto equivale a um ‘briefing’.
Às vezes, o texto tem muitas palavras e acaba sendo longo demais para ser considerado infantil. Em outros casos, os temas abordados não são alinhados com a compreensão da criança na faixa etária pretendida. Existem outros casos ainda, como a falta de uma linha narrativa, interpretação dúbia da mensagem, temas polêmicos demais para tratar nessa faixa etária… O ponto onde quero chegar é que até mesmo histórias infantis tem que ter certas características. Eu não sou expert em literatura infantil, pois atuo principalmente com ilustração, mas vou citar algumas características que tenho observado e podem dar alguma ajuda quando você for escrever ou analisar um texto para ilustrar.
As crianças são seu público. Pense: como a criança vai interpretar isso? Cada um entende a mensagem de uma forma. Pense nas várias possibilidades para evitar ser mal compreendido.
Considere a faixa etária. O que cada idade tem capacidade de compreensão ou aprecia mais?
Até 4 anos, a ilustração predomina, com traços mais simples e bem coloridas. O texto deve ter um vocabulário pouco complexo. Os personagens como animais tendem a ser bem aceitos, assim como a fantasia. Nessa fase a criança gosta de aprender sobre animais, letras, números, conceitos como grande e pequeno, etc.
Dos 5 aos 7, as crianças gostam que a história tenha um início, um momento problemático, e enfim um final no qual o problema tenha sido resolvido. Gostam de temas que se relacionam ao seu universo infantil, e que ajudam a tratar de seus próprios dilemas (amizade, auto-estima, medo e coragem, amor, crescimento…).
Por volta de 8, as narrativas começam a ser mais complexas, trabalhando conflitos, unindo fantasia, mitologia, mistério, folclore, humor, histórias sobre grupos de amigos, se identificam com o personagem principal; histórias onde o personagem passa por vários problemas, é pouco popular mas se aceita do jeito que é, o que é importante para o desenvolvimento da criança e auto-aceitação.
Outro fator importante da literatura infantil é observar a quantidade de texto. Como os livros infantis geralmente são curtos e tem ilustrações, um texto entre 250 e 1000 palavras costuma ser mais adequado. Porém, isso não é regra e cada texto tem que suas particularidades.
Quanto a nós, ilustradores, temos que observar os livros infantis e perceber como a criança interage com eles. Ver o que mais chama atenção, o que faz a criança se conectar com a história. Nem sempre o que achamos que elas vão gostar é o que realmente atrai a atenção delas.
Para finalizar: No livro Curitiba de A a Z, que ilustrei no ano passado, a mãe de uma criança me falou que o que mais chamou a atenção da filha no livro foi uma menina comendo pipoca. Ela se identificou tanto que pediu à mãe para ir no local e comer pipoca lá. Pode parecer uma coisa pequena, mas saber que uma ilustração motivou a criança a querer ir visitar um lugar (mesmo que seja só pela pipoca) me deixou muito feliz. Receber esse tipo de feed-back dos pais mostra o quanto o nosso trabalho é importante. 🙂

Friday, April 17, 2020

Planejando sua carreira como ilustrador


Quando alguém deseja realizar um objetivo ou sonho, geralmente começa a pensar no que precisa fazer para alcançar esse objetivo. Por exemplo, alguém que vai fazer uma festa faz um planejamento e define as tarefas para isso. Começa geralmente com a data, a lista de convidados, define o lugar, a comida, as bebidas, doces, toalhas, mesas, cadeiras, música, fotografia, etc. Dependendo do tema ou motivo, a lista pode ter mais itens ainda.

Do mesmo modo, para planejar uma carreira, é também preciso fazer uma lista (ou um mapa), definir objetivos e datas. É importante determinar quais objetivos deseja alcançar, dentro de um certo período, de modo que, ainda que faça pouco, vá constante e consistentemente dando pequenos passos em direção àquele objetivo.


Se fazemos um planejamento para um evento de um dia, como uma festa, por que não fazer um planejamento e traçar metas para a profissão que vamos exercer a vida toda? (Ingrid Osternack)


1) A primeira coisa que se pode fazer é um mapa ou uma lista de objetivos. Imagine daqui a 5 anos o que gostaria de estar fazendo. Definir uma data limite para si mesmo ajuda muito a ser consistente. Obviamente que os seus objetivos dependem de onde você se encontra hoje. Por exemplo:

Daqui a 5 anos eu:

. estarei formado em artes; ou. terei feito cursos extracurriculares na área de ilustração; ou. estarei com pelo menos 1 – ou mais – livros ilustrados publicados;. terei participado de alguma mostra ou evento de arte;. terei desenhado ou produzido pinturas diária ou semanalmente, gerando assim uma quantidade substancial de obras;. serei um artista reconhecido em minha área;. trabalharei na área de artes e serei bem pago pelo meu trabalho;. terei uma loja que venda minhas artes ou aplicadas em produtos;. terei uma obra em um museu importante;. e por aí vai…

. Ou, se você mesmo irá preparar os produtos, onde poderia encontrar fornecedores? Faça contato, visite-os.. Se deseja ilustrar para revistas ou livros, quais publicações ou editoras tem relação com o trabalho que faz?. Que galerias aceitariam as suas obras? Que tal visitar algumas?. Em quais concursos poderia participar?. Que materiais poderia adquirir para realizar seu trabalho?. Há um espaço em sua casa onde possa trabalhar?. Se fosse abrir uma empresa (ou studio), teria um nome diferente ou o seu?. Como iria legalizar sua profissão? Microempreendedor, empresa simples, autônomo?. O que você escreveria em sua biografia? Leia biografias de outros artistas para saber o que escrevem.

Como eu disse, tudo isso depende do momento em que se encontra. Pode ocorrer também de, no meio do caminho, você desejar mudar seus objetivos, ou até mesmo ampliá-los.

2) Depois disso, é bom você determinar também qual seu objetivo pessoal em relação ao mundo, ou seja: qual o objetivo de minha arte? Pense em algo que tenha impacto – ainda que pequeno – na vida das pessoas. Que marca quer deixar no mundo?
Exemplos: meu desejo é ser reconhecido como um artista em minha cidade natal; ou: quero que minha arte inspire as pessoas; quero fazer parte da infância das crianças; quero que toda casa tenha uma obra minha; quero alegrar a vida das pessoas com minha arte; quero usar recursos que sejam sustentáveis; quero trabalhar somente com mangá; desejo usar meus dons para arte-terapia ou para melhorar a vida de pessoas carentes; gostaria de trabalhar somente com clientes e empresas que tenham valores similares aos meus, etc…

Isso vai ajudar e definir o tipo de clientes que terá e também quais trabalhos aceitará ou não.

3) Quais seriam os passos a tomar para chegar nesses objetivos?

Divida seu grande objetivo em pequenas metas. Muitos percursos são divididos em pequenos trechos. Os períodos escolares não são divididos em 5 aulas à toa. Até mesmo as viagens são divididas em etapas, quando longas. Assim também pode ser sua jornada em direção ao seu sonho. Pense no que precisa fazer para chegar lá e divida em pequenas partes, mas que possam ser feitas em questão de semanas ou meses. Como nós seres humanos geralmente temos a tendência a ser procrastinadores, quanto menor a tarefa, maior a chance de você executar.

Por exemplo:

. Se você deseja trabalhar com licenciamento, faça uma lista de quais lojas virtuais teriam a possibilidade de vender sua arte.

Responder a essas questões vai ajudar a visualizar a si mesmo como artista e motivar você a executar cada dia um pouquinho do seu planejamento. E quando menos esperar, estará fazendo o que ama como profissão. 😉

Friday, April 10, 2020

Feliz Páscoa!!!


Então um dos anciãos me disse: “Não chore! Eis que o Leão da tribo de Judá, 
a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos”.


Neste final de semana celebramos a Páscoa. Muito mais que ovinhos e coelhinhos, a Páscoa representa a morte e ressurreição de Jesus, o nosso Salvador.
Essa pintura fiz há algum tempo para a Igreja Batista do Bacacheri, e montamos durante um congresso. Se desejar ver mais, assista ao vídeo abaixo.
Feliz Páscoa!!!