Friday, December 28, 2018

Tinta Acrílica

Hoje vou falar um pouco sobre as tintas que eu uso normalmente. Minhas ilustrações são feitas com tinta acrílica. Claro que existem muitas no mercado, mas vou falar sobre as que mais uso. Abaixo coloquei uma foto das que costumo utilizar em minhas ilustrações e vou falar um pouco sobre cada uma delas, começando da esquerda para a direita.



A tinta que, na minha opinião, tem melhor custo/benefício é a Polycolor da Maimeri. Tem bastante pigmento e permite texturas que me agradam na ilustração. É feita na Itália e, como estudei lá na Accademia di Belle Arti di Venezia, era uma das mais fáceis de encontrar. De qualquer forma, ainda hoje é a que mais utilizo, mesmo tendo já experimentado várias outras. É muito versátil e pode ser aplicada sobre várias superfícies.

Também gosto muito da marca Cryla, da Daler-Rowney, fabricada na Inglaterra. Também tem uma concentração grande de pigmento. Comprei várias na Suécia, quando lá morei. São de qualidade superior, mais precisamente 'profissional', e também utilizo para texturas. É uma boa tinta para trabalhar com espátula.

A tinta acrílica Brera, também da Maimeri e feita na Itália, é maravilhosa. Não tenho tantas cores dela, porque o preço é um pouco acima da Polycolor, mas duram tanto que vale muito a pena investir nelas. A qualidade dela é superior à Polycolor, na minha opinião. A textura é aveludada e dá um grande prazer deslizar o pincel sobre o papel com essa tinta.

O acrílico System 3, também da Daler-Rowney possui pigmentação menor que a Cryla, da mesma marca, mas também utilizo para minhas ilustrações. Não aceita o lápis aquarelável sobre ela tão bem quanto as outras, mas também é de muito boa qualidade, feita na Inglaterra. Eu diria que é uma tinta para estudantes, como recomendavam alguns professores na Itália. Secam rapidamente e permitem fazer camadas bem transparentes, uma sobre as outras.

Esse tinta da Pebeo, das quais tenho várias cores, é feita na França, e sua qualidade é superior. Permite que eu faça texturas e também aceita bem que eu desenhe sobre ela, diferentemente da Pebeo Studio High Viscosity, aquela de tubo plástico facilmente encontrada no Brasil, que também é indicada mais para estudantes (pelo menos lá na Itália) e o preço é bem mais competitivo. Eu usei algumas Studio, mas para técnica que eu uso, a Pebeo Extra Fine (da foto) é a mais indicada. Porém, quando você faz pinturas muito grandes, as tintas Pebeo Studio são muito boas para pintar o fundo de uma tela.

Comprei alguns tubinhos da Tinta Acrílica LeFranc & Bourgeois na Suécia mais por curiosidade. Com preço acessível, me surpreendeu muito. Achei a qualidade muito boa e funciona bem para minha ilustrações. Tem muitas cores, desliza bem sobre o papel e tem boa cobertura. Permite precisão na pintura e seca rápido. É feita na China.

O acrílico Winsor e Newton nem precisa de apresentação. É de ótima qualidade e esse tubinho dura um tempão. Essa eu também comprei na Suécia e é feita na França.

Por último, o acrílico profissional Liquitex Heavy Body, que comprei em Houston, nos Estados Unidos. Tinta maravilhosa também, com excelente cobertura, bastante pigmento e feita na França. A Liquitex também tem outras tintas acrílicas, como a Basics, mas eu prefiro a Heavy Body para minhas ilustrações.

Por que estou falando onde foram feitas? Porque além desssas, já usei muitas tintas feitas na China e no Brasil, mas essas que citei foram as que mais me agradaram. Às vezes compramos pensando só no preço, mas quando a tinta acrílica tem boa cobertura, isso evita que tenha que fazer mais camadas de tinta. Duram mais tempo, aumentam a produtividade e até mesmo a qualidade do seu trabalho. Em alguns casos, se a tinta tem muito pouco pigmento, pode demorar para cobrir até mesmo a linha do lápis do seu desenho. Claro que isso pode ficar visível, dependendo do seu estilo. No meu caso, eu prefiro que não apareça. Também depende se você usa mais texturas ou não na sua arte. Eu gosto de tintas opacas, 'encorpadas' e foscas.  Com exceção da Pebeo Studio, as que uso são em geral de acabamento fosco ou semibrilho.

Se tiver alguma pergunta sobre as tintas que mencionei, e eu puder ajudar, entre em contato comigo no formulário de contato.

Desde já desejo um feliz e abençoado 2019!


Friday, December 21, 2018

Novos tecidos!

Como vocês podem ter observado, gosto de colocar tecidos em minhas ilustrações. E hoje comprei novas estampas. Olha que lindas!


Friday, December 14, 2018

Partes Básicas de um Livro Infantil

O livro infantil pode ser feito de várias maneiras. Existem livros infantis de inúmeros formatos e não há uma regra para eles. Há livros retangulares, quadrados, de papel, de plástico, em formato de barco, carro, casa, com 'pop-ups', etc.

Porém, há algumas partes que são elementares e que compõem a maioria dos livros infantis. Embora não contemple todas as partes possíveis, o objetivo da ilustração abaixo é auxiliar a entender os 'jargões' mais utilizados e contemplar as partes básicas a fim de planejar um livro infantil.




Friday, December 7, 2018

Mudando de Ideia



Hoje estava verificando meus arquivos, e encontrei esse esboço em preto e branco de um livro que fiz há algum tempo. Eu já nem lembrava mais, mas eu havia desenhado um bebê a princípio e depois alterei para um garoto um pouco maior. Achei que seria interessante compartilhar com vocês, tanto o esboço e a ilustração finalizada, como também a modificação que fiz na ilustração. 

Curti também ver os pintinhos que estão na ilustração. Esta semana minha filha ganhou um pintinho na escola, que ela chamou de Pompom. O nosso Pompom gosta de ficar perto de nós, e está sempre subindo no meu pé. Uma gracinha! :-)

Friday, November 30, 2018

Um dia na vida de uma ilustradora :-)





Como a maioria dos brasileiros que tem filho em idade escolar, meu dia começa cedo, mais especificamente às 6:30h. Depois que deixo minha filha na escola, volto para casa, onde fica meu studio também e, antes de começar a trabalhar, faço um café espresso com leite. Acho que ainda não falei sobre isso, mas gosto muito de café espresso. Como meu marido vem de uma família que planta café em Minas Gerais, gostamos de experimentar os chamados 'cafés especiais'.

Nesse momento em que aprecio um cafezinho, eu leio algumas notícias no jornal, vejo emails, pesquiso sobre ilustração, leio livros de arte... Quanto aos emails, eu gosto de ler e responder com bastante atenção. Como pela manhã a iluminação natural no meu atelier é melhor para desenhar e pintar, prefiro responder meus emails mais tarde. Evito me conectar a redes sociais nesse momento, porque o tempo vai passando, passando e, quando você percebe, já é hora do almoço. Rsrs...

Minha rotina de trabalho começa - efetivamente - com um planejamento do que vou fazer no dia. Sou fã de listas e acho uma ferramente essencial para controlar o meu progresso nas tarefas. Na minha agenda, eu escrevo não só o que vou fazer de ilustração, mas também se vou digitalizar, trabalhar nas imagens, se vou esboçar algum desenho para algum outro texto, se tenho que analisar contratos, pagar contas, ler algum artigo relacionado ao tema do meu trabalho, pesquisar imagens, enviar arquivos, atualizar mídias sociais, etc... Embora esteja trabalhando num livro, às vezes autores entram em contato solicitando ilustrações para livros que estão finalizando. Em alguns casos, já tenho que fazer um esboço ou até uma ilustração para algum projeto futuro. Também já anoto tarefas que, embora não sejam ilustração e pintura, são pertinentes ao trabalho. 

Se tenho algum livro infantil para ilustrar, eu faço um cronograma, verifico o que devo fazer no dia e coloco as 'mãos na massa'. No momento, estou ilustrando um livro de 48 páginas, com 26 ilustrações. Para fazer esse livro, fiz um planejamento atribuindo dois dias a cada ilustração. Embora eu possa terminar uma ilustração no mesmo dia, a vida não pára enquanto estou trabalhando no meu studio e preciso me preocupar com minha filha, pegar na escola, dar almoço, ajudar nas tarefas, além de outros compromissos que toda mãe tem. Por isso, ter um pouco mais de tempo para finalizar dá mais tranquilidade, principalmente se outras atividades aparecem inesperadamente.

Há vantagens em ser freelancer, pois você pode conciliar a vida de mãe ao trabalho. Por outro lado, tem que 'ralar' muito para se manter no mercado. Há muito o que fazer. O salário não chega no fim do mês se não nos prepararmos e trabalharmos árdua e continuamente. Sendo o próprio 'chefe' da  empresa, e não tendo ninguém para controlar seu horário de trabalho, temos que cuidar para manter um hábito diário de trabalho, seja por tempo dedicado à sua arte, ou por etapa. Eu prefiro trabalhar por etapa. Me sinto melhor sabendo que fiz aquilo que estava planejado e isso me dá mais certeza da minha própria produtividade. Mesmo sendo uma pessoa que se sente realizada com o que faz, e eu dificilmente fique parada sem fazer alguma coisa, às vezes outras tarefas urgentes podem atrasar o que me propus a fazer dentro de um certo prazo.

Terminando uma ilustração, eu anoto no meu inventário a finalização. Esse inventário é uma ferramenta que utilizo para me manter no controle do meu cronograma. 

Há outras atividades ainda que um ilustrador deve se preocupar: atualizar o portfolio, site, blog ou mídias sociais. Assim como a maioria dos ilustradores autônomos, trabalho sozinha, então eu mesma atualizo tudo. Confesso que não é fácil lembrar de fazer tudo, por isso anoto tudo que tenho que fazer na minha agenda ou no celular. Fazer você mesmo tem seu lado positivo: você pode decidir o que vai postar, como vai fazer, e acompanhar todo o processo até o resultado. O lado negativo é que o seu foco certamente é em ilustrar, e aí você passa a fazer tarefas que não são o seu objetivo, e que poderiam ser feitas mais rapidamente (e até melhor) por outra pessoa. Por isso, às vezes não consigo atualizar o quanto eu deveria. Ser ilustrador significa ter vários trabalhos dentro da mesma profissão: tem que ilustrar, administrar, fazer divulgação, vender, negociar, conferir contratos, entre outros. Também já fui convidada a dar aulas de ilustração online, o que ainda não tive condições de fazer. Mas está nos meus planos.

Um pouco antes do almoço, busco minha filha na escola e eu mesma cozinho, todos os dias. Embora goste de cozinhar e testar receitas, às vezes é um pouco cansativo, mas tento me organizar para facilitar minha vida. A grande vantagem é que sei exatamente a origem do que estamos comendo e isso tem feito um bem enorme à nossa saúde. Após o almoço, às vezes tenho que levar minha filha para outras atividades. Parte da tarde também uso para ilustrar ou trabalhar em outras áreas da ilustração. Tenho ilustrações em sites POD - Print on Demand, faço ilustrações avulsas, capas de livros, cartões postais, pintura em tela, pintura mural, etc... e também as atividades contábeis relacionadas ao meu trabalho. Tudo isso entremeado com as tarefas de casa e um tempo de qualidade com minha filha. 😀

A vida é dinâmica e não podemos deixar de sair, encontrar os amigos, comer alguma coisa fora, fazer exercícios, passear... Quando os afazeres da vida me fazem atrasar o meu cronograma, costumo recuperar trabalhando nos finais de semana e à noite. Já fiquei muitas noites até às 2h da manhã para terminar algum trabalho. Também já dormi 4 ou 5h por noite a fim de dar conta de tudo. Mas isso faz parte da vida e todo mundo passa por isso em algum momento. O ideal é encarar isso sempre como uma bênção, afinal a gente só recebe quando tem trabalho, e agradecer a Deus por trabalhar em algo tão incrível como ilustração e arte. 😍

Participo de associações e ocasionalmente de eventos relacionados a ilustração e leitura. Há vários eventos durante o ano e são muito importantes para não só socializar, mas para manter a sua criatividade. Conversar, trocar ideias e visualizar outras artes nos inspiram a melhorar o nosso trabalho.

Quando não tenho nenhum projeto específico para entregar, me dedico aos meus projetos pessoais. Já trabalhei em projetos voluntários de vários tipos. Entre os meus projetos pessoais do momento, há o livro que estou escrevendo dando dicas sobre a carreira do ilustrador. Tão logo termine, vou disponibilizar no blog. Além disso, também gosto de produzir ilustrações para serem utilizadas em produtos, como canecas, capas de celular, roupas de cama e banho, etc.

A arte e a ilustração já fazem parte da minha vida de tal forma que todos os dias estou produzindo alguma coisa. Porém, prefiro compartilhar o que estou fazendo somente depois de pronto e publicado.

Eu gosto de conversar e me comunicar com as pessoas. Como meu trabalho é bem solitário, o blog é uma ferramenta que me ajuda bastante, pois posso escrever sobre coisas do meu dia a dia e é um ótimo lugar para expressar ideias. Aprecio quando recebo mensagens me perguntando sobre a profissão de ilustrador. Por isso, se você quiser saber algo ou tiver alguma dúvida, escreva sua pergunta no formulário de contato. 😉


Friday, November 23, 2018

Time Lapse de uma Ilustração

Esse time-lapse fiz quando ilustrei uma página para o livro Sibila, de Marilza Conceição, Editora Insight.


Friday, November 16, 2018

Como eu faço um orçamento

Uma das dúvidas que mais recebo é sobre como fazer um orçamento de ilustrações para um livro infantil. No início a gente fica mesmo meio perdido e não sabe nem por onde começar. 

Quando um editor (ou um autor de texto = escritor) entra em contato comigo, sempre peço que me envie o texto. Eu não tenho o hábito de fazer orçamento sem conhecer o texto que vou ilustrar. Cada caso pode ser diferente. A editora pode me enviar o texto em pdf, já todo separado e com uma pré-diagramação (o que algumas editoras chamam de decupagem ou spread), pode me enviar o texto  separado com o número da página em que o trecho vai ficar, como também pode me enviar somente o texto inteiro, sem nenhuma separação. 

Caso o texto já esteja pré-diagramado (às vezes até com a posição que vai ocupar na página), fica muito mais fácil fazer o orçamento. Basta fazer uma lista das ilustrações mencionadas e o valor respectivo. Veja no exemplo abaixo como o editor me enviou o texto do livro Cheiros.


No exemplo acima já está determinado que para essa página devo fazer uma ilustração de página inteira. 


Nesse exemplo não só já estão definidas as dimensões das ilustrações, como também o autor faz observações sobre como deseja a ilustração.

Embora seja raro, na segunda possibilidade, geralmente o texto vem em Word e separado com o número da página. Mas não menciona as dimensões da ilustração. Nesse caso, eu já sei quantas ilustrações o editor ou autor está querendo, basta definir o tamanho conforme a quantidade de texto. Ou, mesmo que o texto seja curto, eu posso sugerir as dimensões e conversar com o cliente de acordo com o orçamento que ele dispõe para esse trabalho. Afinal, os valores variam conforme as dimensões.


No texto acima, o autor enviou o texto separado, com o número de páginas definido e algumas observações de como desejava as ilustrações. Até hoje, foram poucos os autores que deram sugestões, como também poucos solicitaram modificações nos rafes.

A terceira possibilidade é receber o texto inteiro, sem separações. Geralmente quando um escritor (e não o editor) envia, na maioria das vezes vem assim. Aí resta conversar com o escritor para saber quantas páginas deseja e o formato (quadrado, retangular, dimensões). É esse tipo de orçamento que dá mais trabalho, porém, é o que lhe dá mais liberdade de execução. 

Nesse caso, eu divido o texto segundo o número de páginas que combinei com o autor ou editor, dou sugestão de formato e faço uma boneca do livro, geralmente no Corel Draw, para visualizar o resultado. Isso agrada muito ao cliente, pois não só lhe dá uma ideia de como ficará, como também demonstra que você tem conhecimento e proatividade. Aí eu defino quantas ilustrações vou fazer de cada: página dupla, página inteira, meia página, vinhetas + a capa. Faço uma lista, defino valores unitários e valor total do trabalho. 

Já aconteceu comigo de o autor enviar um texto, eu fazer as ilustrações, receber os pagamentos e, no fim, ele me enviar um texto muito maior. 😟 O que fazer? Bem, como eu havia feito contrato entre as partes (ilustradora e autor), não alterou em nada o meu trabalho. O pagamento foi realizado pelo número de ilustrações que eu havia definido no orçamento/contrato, e o livro foi diagramado com as ilustrações que eu havia combinado por escrito. No fim, a quantidade acabou sendo suficiente e o livro já está na segunda edição.

Também já aconteceu de, durante a execução de um projeto, solicitarem a ampliação do número de ilustrações e as dimensões pelo mesmo preço. Nesse caso. sugeri a alteração de valores e infelimente não chegamos a um acordo. Como eu já até havia recebido parte do pagamento, preferi devolver o adiantamento e não dar continuidade. Escrevo isso para que outros ilustradores saibam que, infelizmente, no meio de muita gente boa, sempre há aqueles que querem obter alguma vantagem. Eu poderia ter aceitado as condições deles para não perder o trabalho? Até poderia, mas estaria passando a mensagem de que não tenho certeza do valor do meu trabalho.

Finalizando, vale a pena ser detalhista quando apresentar um orçamento. E não esqueça de escrever tudo no contrato. Assim fica claro para ambas as partes os direitos e deveres de cada um. Se tiver alguma dúvida, entre em contato. 😗

Friday, November 9, 2018

Ilustração para Capa


Olha a ilustração que fiz para a capa do livro "Eu Oro Brincando porque Orar é Coisa Séria"!
Escrito por Helenrose Rocha, o livro está recheado de estratégias e brincadeiras que vão ajudar você a ensinar o hábito da oração na vida dos pequeninos. Voltado para pais, professores de EBD e todo aquele que busca auxiliar as crianças a desenvolverem um tempo de oração com o Senhor.
Disponível para venda em Lodare Publicações

Friday, November 2, 2018

Livro para o Aspirante a Ilustrador

Como sempre recebo perguntas sobre a minha profissão, me animei a escrever um livro com dicas e sugestões para quem deseja iniciar na carreira de ilustrador de livros infantis. Nesse livro estarei não só dando dicas, mas também contando algumas experiências minhas nessa área ao longo dos anos. Embora não esteja ainda finalizado, quem tiver interesse no livro, me escreva ou cadastre seu email. Se você tiver perguntas ou quiser saber mais sobre a carreira de ilustrador, me escreva que ficarei feliz em responder. 😊


Friday, October 26, 2018

Encontrando seu estilo

Muito fala-se atualmente no estilo do artista. É pelo estilo que as pessoas conseguem reconhecer o autor de uma obra de arte, sem nem mesmo ver sua assinatura. Um exemplo forte disso é o estilo do artista Romero Britto. Quem vê, já sabe que as ilustrações tipo vitral, super coloridas, com linhas pretas, pertencem ao pernambucano. Infelizmente, é um estilo que vem sendo muito copiado.

Embora não exista uma regra, abaixo cito algumas dicas para quem ainda se sente inseguro com relação à busca do seu estilo.

1. O seu estilo próprio se revela muito melhor quando você faz arte para agradar a você mesmo

Sempre que mostro meu portfolio para alguém, as ilustrações que mais recebo comentários positivos são as que fiz pensando em agradar a mim mesma. Claro que temos que cumprir o 'briefing' de um cliente, mas é fato que, quando não termos a intenção de atingir a expectativa dos outros, conseguimos ficar mais soltos e assim a nossa criatividade flui melhor. Fazemos o que mais gostamos e o trabalho acaba ficando uma expressão mais fiel de nós mesmos.

2. Ir além

Eu gosto muito de me desafiar. Acredito que sempre posso melhorar. E isso é uma característica do artista em geral. Gosto do lema do Buzz Lightyear: ao infinito... e além! 😂 Mesmo trabalhando essencialmente com acrílico, às vezes gosto de tentar outras técnicas. Isso faz com que saia da minha zona de conforto e pode até trazer resultados inesperados. Também pode ser que algum resultado dessa exploração acabe sendo incorporado em minha arte, e isso vai certamente refletir no meu estilo.

3. Procure inspiração

Visitar museus, fazer cursos, observar o trabalho de outros artistas... tudo pode te inspirar a descobrir o que mais gosta numa obra e isso também vai ter impacto em sua arte. Não se trata de cópia, mas o fato de observar o trabalho de outros artistas cria um mix de ideas em seu cérebro que levarão você a fazer algo que pode até vir a ser muito diferente, mas que é só seu. Muitos artistas na história trabalhavam em conjunto ou se encontravam para discutir arte. E muitas vezes isso criou um movimento artístico. Há também artistas que eram discípulos de outros, mas que deram seu toque pessoal ao que faziam. Tudo o que somos é reflexo de uma cultura. Ninguém cria algo do nada. Mas o artista interpreta essa cultura e expressa o que absorve de uma maneira única e individual.

4. Mude o ponto de vista

Após toda essa busca à inspiração, pense: o que eu faria diferente desses artistas? O que eu gosto de fazer que é diverso do que já tem sido feito? O que posso fazer que não seja 'moda' no momento?

Embora fale-se muito sobre estilo atualmente, o meu conselho é não se preocupar demais com isso. Desenhando sempre, e muito, o seu estilo próprio vai amadurecendo e você vai ver que as pessoas passarão a reconhecer o seu trabalho com o tempo. A paleta de cores que utiliza, a anatomia da figura humana, o tipo de papel, a técnica, entre outros aspectos do seu trabalho, tudo isso vai contribuir para criar a sua marca dentro do mundo artístico. 😘

Friday, October 19, 2018

Planejando sua carreira como ilustrador ou artista - Para aspirantes a ilustrador ou iniciantes

Quando alguém deseja realizar um objetivo ou sonho, geralmente começa a pensar no que precisa fazer para alcançar esse objetivo. Por exemplo, alguém que vai fazer uma festa faz um planejamento e define as tarefas para isso. Começa geralmente com a data, a lista de convidados, define o lugar, a comida, as bebidas, doces, toalhas, mesas, cadeiras, música, fotografia, etc. Dependendo do tema ou motivo, a lista pode ter mais itens ainda.

Do mesmo modo, para planejar uma carreira, é também preciso fazer uma lista (ou um mapa), definir objetivos e datas. É importante determinar quais objetivos deseja alcançar, dentro de um certo período, de modo que, ainda que faça pouco, vá constante e consistentemente dando pequenos passos em direção àquele objetivo.

1) A primeira coisa que se pode fazer é um mapa ou uma lista de objetivos. Imagine daqui a 5 anos o que gostaria de estar fazendo. Dar uma data limite para si mesmo ajuda muito a ser consistente. Obviamente que os seus objetivos dependem de onde você se encontra hoje. Por exemplo:

Daqui a 5 anos eu:

. estarei formado em artes; ou
. terei feito cursos extracurriculares na área de ilustração; ou
. estarei com pelo menos 1 - ou mais - livros ilustrados publicados;
. terei participado de alguma mostra ou evento de arte;
. terei desenhado ou produzido pinturas diária ou semanalmente, gerando assim uma quantidade substancial de obras;
. serei um artista reconhecido em minha área;
. trabalharei na área de artes e serei bem pago pelo meu trabalho;
. terei uma loja que venda minhas artes ou aplicadas em produtos;
. terei uma obra em um museu importante;
. e por aí vai...

Como eu disse, tudo isso depende do momento em que se encontra. Pode ocorrer também de, no meio do caminho, você desejar mudar seus objetivos, ou até mesmo ampliá-los.

2) Depois disso, é bom você determinar também qual seu objetivo pessoal em relação ao mundo, ou seja: qual o objetivo de minha arte? Pense em algo que tenha impacto - ainda que pequeno - na vida das pessoas. Que marca quer deixar no mundo? Exemplos: meu desejo é ser reconhecido como um artista em minha cidade natal; ou: quero que minha arte inspire as pessoas; quero fazer parte da infância das crianças; quero que toda casa tenha uma obra minha; quero alegrar a vida das pessoas com minha arte; quero usar recursos que sejam sustentáveis; quero trabalhar somente com mangá; desejo usar meus dons para arte-terapia ou para melhorar a vida de pessoas carentes; gostaria de trabalhar somente com clientes e empresas que tenham valores similares aos meus, etc...

Isso vai ajudar e definir o tipo de clientes que terá e também quais trabalhos aceitará ou não.

3) Quais seriam os passos a tomar para chegar nesses objetivos?

Divida seu grande objetivo em pequenas metas. Muitos percursos são divididos em pequenos trechos. Até mesmo as viagens são divididas em etapas, quando longas. Assim também pode ser sua jornada em direção ao seu sonho. Pense no que precisa fazer para chegar lá e divida em pequenas partes, mas que possam ser feitas em questão de semanas ou meses. Como nós seres humanos geralmente temos a tendência a ser procrastinadores, quanto menor a tarefa, maior a chance de você executar.

Por exemplo:

. Se você deseja trabalhar com licenciamento, faça uma lista de quais lojas virtuais teriam a possibilidade de vender sua arte.
. Ou, se você mesmo irá preparar os produtos, onde poderia encontrar fornecedores? Faça contato, visite-os.
. Se deseja ilustrar para revistas ou livros, quais publicações ou editoras tem relação com o trabalho que faz?
. Que galerias aceitariam as suas obras? Que tal visitar algumas?
. Em quais concursos poderia participar?
. Que materiais poderia adquirir para realizar seu trabalho?
. Há um espaço em sua casa onde possa trabalhar?
. Se fosse abrir uma empresa (ou studio), teria um nome diferente ou o seu?
. Como iria legalizar sua profissão? Microempreendedor, empresa simples, autônomo?
. O que você escreveria em sua biografia? Leia biografias de outros artistas para saber o que escrevem.

Responder a essas questões vai ajudar a visualizar a si mesmo como artista e motivar você a executar cada dia um pouquinho do seu planejamento. E quando menos esperar, estará fazendo o que ama como profissão. ;-)




Saturday, October 6, 2018

Ilustração


O menino e as letras - fiz essa ilustração para a autora Carla Tetamante, antes de começar a ilustrar seu livro 'A Festa das Letras'. Como ela tem quatro filhos, coloquei as letras de modo que os nomes deles pudessem ser encontrados. Você consegue achar todos? :-)

Friday, October 5, 2018

O Sonho de se tornar Artista - 2

Como eu dizia na primeira parte dessa postagem, aqui, ao entrar para a Accademia di Belle Arti di Venezia, a jornada só estava começando.

No primeiro ano, tive História da Arte, onde estudamos principalmente a arte italiana. Foi muito interessante, pois ouvi sobre pintores que não são tão conhecidos no mundo afora. Também é interessante poder estudar sobre lugares que eram próximos e que podíamos visitar, como a casa da Peggy Guggenheim, em Veneza. As visitas aos museus italianos eram experiências em que parecia que eu estava dentro de um filme. Visitar lugares onde artistas estiveram, fizeram encontros e discutiram arte era algo que me deslumbrava...

Como as aulas eram em italiano, eu costumava gravar o professor falando, e depois, em casa, ficava até de madrugada repassando o que ele tinha falado para o caderno. Isso foi muito útil para lembrar do conteúdo como também para melhorar meu vocabulário, o que era indispensável, já que as provas eram orais e tínhamos que responder diretamente ao professor.

Também tivemos aulas de Técnicas Pictóricas, onde aprendemos várias técnicas, como aquarela, colagem, pastel, carvão, lápis de cor, sanguínea, acrílico, óleo, etc...

Na aula de Pintura, cada aluno era incentivado a seguir o seu próprio percurso. Éramos livres para decidir o que faríamos e a técnica. O professor ia de mesa em mesa para conversar com cada um e fazer comentários, sempre buscando o aperfeiçoamento. Tive pintura com o professor Eugenio Comencini. Abaixo uma obra dele.


 Eugenio Comencini

Nesse mesmo ano, tivemos Anatomia Artística, onde aprendemos a desenhar o corpo humano e as proporções. O professor também nos incentivou a desenhar o que desejássemos e trazer à aula para comentar. 








Esse desenho fiz da modelo, que neste dia preferiu ficar vestida. Curiosamente, fiz despretensiosamente, e à caneta, mas o resultado agradou muito ao professor, que deu destaque e o apresentou para toda a turma. 

Também tivemos outras disciplinas, como Gravura, onde fizemos xilogravura, calcografia, água forte, etc; Fenomenologia da Arte Contemporânea, onde aprendemos sobre Marcel Duchamp e os Surrealistas; Teoria da Percepção e Psicologia da Forma; Fotografia, que tivemos em dois anos. No primeiro ano não nos era permitido utilizar uma câmera digital. Somente a partir do segundo ano o professor começou a permitir. No início do ano tínhamos que escolher um tema e dali em diante fotografar o que fosse correlato. 

Além dessas e outras disciplinas, também tínhamos que apresentar uma tese. O tema era escolhido por nós, mas tinha que ser aprovado pelo nosso orientador. Eu escolhi o professor de Pintura como orientador. Fiz um estudo da arte brasileira, desde os tempos dos índios até o momento atual. O professor ficou muito feliz com a possibilidade de aprender mais sobre a arte brasileira. Para mim não foi tão fácil, já que na época havia pouca informação na internet. Tive que pedir à minha mãe para pesquisar livros e enviar para mim lá na Itália. (Rsrs...). Ainda bem que ela é uma pessoa muito animada e curtiu muito não só pesquisar, como também ler mais sobre a arte brasileira. 

No último dia de aula, apresentamos nossas teses diante da banca, alunos e familiares. Após o término fomos almoçar juntos, alunos, professores e diretor da Accademia di Belle Arti di Venezia. Não houve uma formatura como temos aqui no Brasil. Achei muito interessante a simplicidade. E é claro: a celebração terminou com muita pasta e vino. 😄

Não foi fácil estudar em outra língua, mas foi um grande aprendizado. Meu filho era pequeno e muitas vezes eu tinha que sair antes da aula ou chegar atrasada porque tinha que levar e pegar na escola. Mas é bom saber que superamos mais uma etapa e estamos prontos para outra. Que se nos dedicarmos, podemos atingir um objetivo que pouco tempo antes parecia muito difícil. Aprendemos também que nem sempre faremos algo perfeito, mas será o nosso melhor e que às vezes vamos surpreender a nós mesmos. Por isso, se você tem um sonho, não desista e faça seu plano. Isso fará com que dê passos para que esteja cada dia mais perto de seu objetivo. E qual o melhor momento para começar? Bem agora. 😉 


Wednesday, October 3, 2018

Mais um lançamento: Sibila!!!


Sibila, escrito por Marilza Conceição e ilustrado por Ingrid Osternack Barros Neves, publicado pela Editora Insight.

Tuesday, September 25, 2018

O Sonho de se Tornar Artista

Antes de eu me tornar ilustradora, trabalhei como professora primária e também no departamento comercial de uma grande empresa. Vindo de uma família simples, não tinha condições de somente estudar, e comecei a trabalhar enquanto ainda fazia o ensino médio. Sou formada não somente em Pintura, mas também fiz magistério no Ensino Médio, sou graduada em Administração na UFPR, fiz uma pós-graduação em Marketing, também um curso de aperfeiçoamento em Metodologia do Ensino Superior, além de cursos de aperfeiçoamento em ilustração infantil.

Todos esses cursos foram muito enriquecedores, mas desde muito pequena sabia que o meu sonho era ser artista e ilustradora. Ser artista, principalmente no Brasil, é uma profissão que requer muito jogo de cintura. Certamente existem países onde o artista tem mais oportunidades, mas em nosso país temos que ser flexíveis.

Na Itália, onde me formei em Belas Artes, não é diferente. Lá os ilustradores sempre tem uma outra fonte de renda. Quem trabalha somente com ilustração geralmente depende de outra pessoa (marido, família) para complementar a renda. Outros dão cursos, oficinas, ensinam em universidades, ou fazem algum trabalho relacionado a artes. Há aqueles que participam de feiras, vendem seus livros, visitam escolas, enfim, sempre atuando na área, mas dificilmente ilustram em tempo integral. Pelo que tenho observado com meus colegas, é a mesma coisa aqui.

O trabalho em si é algo muito importante para o ser humano. Tanto que, se você perguntar a alguém o que aquela pessoa é, ou faz, ela vai responder dizendo a profissão dela. Na grande maioria das vezes, a nossa profissão nos define.

Em algumas profissões, somente se obtiver um diploma e muita experiência, você pode dizer que é aquele 'título'. Porém, com o artista nem sempre é assim. Ser artista tem uma conotação especial. Mesmo antes de se formar, quando - e se - isso acontece, você pode dizer que é um artista.

Ser artista é ser apaixonado por fazer arte. Um artista está sempre fazendo arte: nos cadernos de escola, no verso de papéis do seu trabalho, nos finais de semana, nas paredes, no guardanapo do restaurante... :-)

Então, mesmo que uma pessoa trabalhe o dia todo em outra profissão, ela ainda vai achar um tempo para fazer sua arte. Pode ser à noite, nos finais de semana, mas a sua mente está sempre ligada em algo relativo a arte.

Às vezes, a correria do dia a dia nos faz deixar nossos sonhos para depois. Mas isso não precisa ser assim. Nunca é tarde para correr atrás do seu sonho.

Há alguns anos eu mesma estava trabalhando em outra profissão, e com filho pequeno. Eu entrava na empresa às 7:40 e saía 17:50. Era muito longe do centro da cidade e levava quase uma hora de ônibus. Porém, apesar de ser desanimador, decidi que iria estudar arte e passei no vestibular em duas faculdades, uma federal e outra estadual. Optei por uma das faculdades e comecei a estudar. Não foi fácil conciliar tudo isso. Minha mãe pegava três ônibus para ficar com meu filho bebê em minha casa.

Assim que terminei o primeiro ano de Desenho, meu marido foi convidado para passar dois anos na Itália. Deixei a faculdade de Desenho e comecei a me informar em como poderia estudar lá. Mesmo sabendo que ficaria somente dois anos, sabia que um ano de estudo lá seria uma grande oportunidade.

Na Itália também não foi fácil. Não conhecia ninguém, a creche era somente para crianças a partir de 3 anos e tinha fila de espera por vagas. Meu filho tinha dois anos e o valor de escola particular era absurdo. No primeiro ano fiquei somente pesquisando sobre faculdades. A cidade em que morava era muito pequena e só tinha uma linha de ônibus, que funcionava poucas vezes por dia.

Na época a internet era novidade por lá e não consegui nenhuma informação online. Com o auxílio de colegas de meu marido, descobri que a 90km dali havia a Accademia di Belle Arti de Veneza. Viajamos, meu filho de 2 anos e eu, de trem para obter informações em Veneza. A cidade era maravilhosa, mas tudo muito complicado. Pegamos o vaporetto, que é um barco-ônibus, e consegui chegar na Accademia. Lá me deram informações contraditórias. Como eu era estrangeira, teria que me inscrever para o vestibular (esami di ammissione) através do consulado brasileiro. Os documentos tinham que ser traduzidos (juramentados) e consularizados. Pensei: como é que eu, estando aqui, vou enviar tudo para o Brasil a tempo?

O consulado italiano é sempre muito cheio e, com a ajuda de uma grande amiga, consegui entregar toda a documentação no consulado um dia depois de as inscrições estarem terminadas. Eu lá na Itália e ela aqui para me ajudar. Por graça divina, o consulado aceitou minha documentação um dia atrasada (porque o malote ainda não tinha sido enviado) e consegui me inscrever para fazer o vestibular. Um detalhe importante se você pretende fazer uma faculdade na Itália: eles só aceitaram minha documentação porque eu já era formada em um curso superior. Caso contrário, eu teria que fazer uma complementação de estudos antes de ingressar na faculdade.

Os exames de admissão consistiam em provas orais de História da Arte Italiana, um desenho livre e desenho de observação. Neste último tínhamos que desenhar a modelo (nua) que tinha vindo posar.

Como eu era estrangeira, fui dispensada do exame de História da Arte Italiana, mas fui entrevistada por uma banca que me fez outras perguntas.

Dias depois, quando vi que tinha sido aprovada, foi uma dos momentos mais felizes de minha vida. Porém, a jornada estava só começando...

Para não ficar muito longo, vou contar minha experiência na próxima postagem. :-)

Friday, September 21, 2018

Como Ilustrar e Produzir um Livro Infantil

Tenho observado que muitas pessoas desejam ilustrar seu próprio livro. É uma tendência no momento e, mesmo que uma pessoa não deseje seguir a carreira de ilustrador, ela tem esse desejo de expressar sua arte, seja na escrita quanto na ilustração. Algumas pessoas já até me pediram para ensinar a ilustrar, mas ainda não tive tempo para organizar um curso. Quem sabe para o ano que vem. :-)

Por isso, vou falar aqui sobre algumas coisas que são importantes para você poder ilustrar seu próprio texto.

A primeira coisa, desculpe citar o óbvio, é que você tenha uma história ou até mesmo um poema. Algumas pessoas já me disseram que tem vontade de publicar um livro, mas ainda não tem um texto. Por isso, a primeira coisa a se fazer é focar na escrita. 

Tendo o texto já escrito, é necessário analisar o que o mesmo diz e o que se sugere nas entrelinhas. Também é interessante que a ilustração complemente a história. Vou exemplicar:

Há uma história do Rolo (Turma da Mônica) em que ele pede o carro a seu pai para sair com uma 'mina'. Na historinha, o pai diz ao Rolo que nunca pediu o carro ao pai dele (mas no balão de pensamento ele está pedindo o 'carango'), nunca chamou o pai de 'velho' (mas em pensamento ele chama o pai de 'coroa'), ele ri que o Rolo chama a namorada de 'mina' (em seu pensamento o pai dele - avô do Rolo - também ri quando ele chama a namorada de 'broto')... e assim por diante. Esse 'conflito de gerações' é tratado de forma cômica e graciosa. Esse é um exemplo fantástico de como a ilustração é essencial para que se entenda a história. 

Uma vez que o texto já esteja pronto e revisado ortográfica e gramaticalmente, devemos definir o formato, dimensões e quantas páginas o livro terá. Isso tudo depende muito do tamanho do texto, da quantidade de palavras e de quantas ilustrações serão feitas. No caso de uma editora, tudo isso pode já vir pré-determinado. No caso de um livro de produção própria, você que terá que tomar essa decisão. Uma vez que determinou número de páginas e formato (quadrado, retangular, 25x25, 21x18, etc), você pode partir para o storyboard. Abaixo um exemplo de storyboard (livro Sibila).


Se você não tiver ideia das dimensões e número de páginas, duas coisas podem lhe ajudar a definir: um orçamento com uma gráfica pode determinar o tamanho do livro, porque quanto maior e mais páginas, mais caro. Fazer o storyboard pode lhe ajudar também, pois vendo como as páginas vão ficar com as ilustrações e o texto lhe dará uma panorâmica do resultado. Se o texto estiver apertado ou houver muitas áreas em branco, o storyboard lhe dá a oportunidade de reposicionar o que não ficou do seu agrado.

Após o storyboard, é hora de começar os roughs, ou esboços em preto e branco, também chamados de rafes. Aí você começa a fazer os desenhos de cada página. Pode ser que tenha que fazer e refazer várias vezes. É assim mesmo. 




Finalizados os esboços, é hora de partir para as ilustrações originais. Cada técnica pede um tipo de papel. Quanto mais 'molhada' a tinta, maior a gramatura do papel. Você pode também finalizar com lápis de cor, aquarela, acrílico, colagem, nanquim, e até mesmo um misto de técnicas. Ou pode digitalizar e colorir no computador. Eu utilizo tinta acrílica, faço colagens, dou acabamento com lápis de cor...


Ilustração finalizada

Para o livro ficar completo, é necessário fazer as capas, a folha de rosto, a ficha catalográfica, o miolo - que é a parte onde ficam o texto e as ilustrações. São opcionais a biografia do autor e ilustrador, como também a dedicatória. 

Após todas as ilustrações estarem prontas, é preciso digitalizar. Como eu tenho scanner em casa, eu mesma faço isso. Se você não tiver um scanner ou não souber como fazer, é possível também terceirizar esse trabalho. Peça à empresa de digitalização que lhe entregue as imagens em jpg de 300dpi, no mínimo. 

Embora haja pessoas que produzam livros sem o ISBN, eu aconselho a solicitá-lo na Biblioteca Nacional. O ISBN ou International Standard Book Number é um sistema que identifica numericamente (código de barras) os livros segundo título, autor, editora e país. Isso facilita sua comercialização nacional e internacionalmente. 

Sobre a Ficha Catalográfica, uma bibliotecária está habilitada a fazê-lo, o que possibilitará que seu livro seja catalogado nas Bibliotecas. 

Para preparar o livro para a gráfica, é preciso um software específico. Eu gosto do Photoshop, do Corel e do Photopaint. Muitos ilustradores montam no Indesign e até no Illustrator. Depende do que você está mais acostumado a usar. Se você não tem esses softwares, geralmente pode baixar para teste gratuito por um mês. Lá você monta o arquivo, insere o texto e 'fecha' o arquivo para envio para a gráfica. Geralmente a gráfica faz um 'livro' e pede a sua aprovação antes de produzir todos os exemplares. 

Depois disso, é só aguardar ficar pronto e curtir a sua obra!











Friday, September 14, 2018

Chocolate Muffins


Gosto muito de cozinhar e principalmente de fazer guloseimas para meus filhos. Por isso fiz mais uma receita ilustrada. :-)

Friday, August 31, 2018

Friday, August 24, 2018

Pequeno Polvo

Esse polvo fiz para uma série de pequenos animais do mar. Queria fazer eles bem fofinhos. :-)


Veja abaixo como ficou em produtos.

Para adquirir algum produto com essa ilustração, clique aqui.

Friday, August 10, 2018

Lettering


Inspirada nos quadros negros, tão em moda no momento, fiz uma ilustração em acrílico sobre papel. Com fundo escuro, a intenção era simular um trabalho de 'lettering' em giz.

Friday, July 20, 2018

The Reaching Hand


Essa ilustração fiz há algum tempo para a New Life Church em Estocolmo, para inserir no Annual Report da Igreja. Fiquei muito feliz em poder colaborar e também com o resultado. Mesmo não sendo infantil, é até hoje uma das minhas ilustrações preferidas. 😁

Friday, July 13, 2018

10 Dicas sobre Criatividade

Confesso que o título desse livro não me agradou."Roube como um artista", de Austin Kleon, foi muito celebrado como um excelente livro e, por isso, decidi adquirir o e-book (Steal like an Artist).

O livro já começa com uma frase de Pablo Picasso: Arte é furto. Porém, embora o título dê uma sensação negativa, e até de plágio, o livro até tem algumas 'sacadas' inspiradoras. É um livro curto e com vários subtítulos, tem dez capítulos e vou falar brevemente sobre cada um:

1. Roube como um artista: essa 'dica' trata da ideia de que nada é realmente original. Austin cita a Bíblia para exemplificar que 'Não há nada de novo debaixo do sol' (Eclesiastes 1:9). Segundo o autor, cada nova ideia é uma mistura de várias ideias antigas e ele sugere que saibamos absorver o que é bom e descartar o que achamos ruim.

2. Não espere descobrir quem você é para iniciar: Se você esperar descobrir quem você é, poderá ficar esperando sentado pelo resto da vida. Na opinião de Austin, é preciso fazer e criar, diariamente, porque somente assim alguém poderá se tornar o que deseja.

3. Escreva o livro que deseja ler, crie a arte que deseja ver, componha a música que deseja ouvir... ou seja, faça!

4. Use suas mãos: Fique longe dos dispositivos digitais. Coloque a mão na massa. A sensação de que fez algo fica mais evidente porque é física e não digital.

5. Hobbies e passatempos são importantes: Às vezes o que é um projeto secundário acaba se tornando o projeto principal. Mantenha as suas paixões, mesmo que não sejam o seu trabalho atual. Pode ser que um dia se tornem.

6. Produza qualidade e compartilhe: Tenha um blog, um site, perfis nas mídias sociais e publique lá o seu trabalho.

7. Construa seu próprio mundo: Não se preocupe se você não mora num lugar badalado. Mesmo se a sua cidade é pequena, é possível se conectar ao mundo virtualmente. Por outro lado, o lugar onde você mora também pode ter cantinhos encantadores...

8. Seja gentil - o mundo é pequeno: Faça amigos, ignore os inimigos. O mundo todo está na internet, então seja gentil com todos. Procure sempre contato com pessoas com quem possa aprender.

9. Seja entendiante: eu interpretei essa dica como: seja organizado. Cuide de si mesmo. Não contraia dívidas e não abandone seu trabalho de todo dia enquanto não puder se sustentar com sua arte.

10. Criatividade é subtração: Hoje em dia vivemos bombardeados por informação. Portanto, escolha a informação que é relevante para você e descarte o resto.

Mais uma vez, o que deduzimos é que devemos produzir arte sempre. A nossa própria arte e os estímulos externos é que vão nos ajudar a crescer em nosso trabalho e ficar a cada dia mais próximos do objetivo que desejamos. E você, o que acha? 😉




Friday, July 6, 2018

Artista: do Miserável ao Bem Sucedido


Como já mencionei, sou uma devoradora de livros, principalmente sobre arte e empreendedorismo. Acredito que a arte pode, sim, andar de mãos dadas com os negócios. Embora muitas pessoas acreditem que é fácil fazer arte, que é só 'fazer uns rabiscos numa tela', na verdade a arte começa muito antes da escolha do suporte e da técnica. Começa nos 'inputs' que vamos recebendo no dia a dia, nas influências dos mais variados tipos, na vontade do artista em deixar sua marca no mundo. E isso tem valor. É a arte que traz aquele 'algo mais' à vida rotineira de todo dia. Estamos o tempo todo rodeados de arte. Cinema, música, cores... A arte mexe com nossos sentidos e proporciona qualidade de vida.

Voltando à parte que fala de negócios no mundo da arte, um livro que me chamou a atenção e que gostei muito foi 'Starving to Successful', de J. Jason Horejs, proprietário da galeria Xanadu, nos Estados Unidos. Como ele comercializa essencialmente pintura e escultura, é importante lembrar que os conselhos dele se referem a esses tipos de arte.

Esse livro fala sobre os passos que o artista deve tomar para se tornar um artista bem sucedido.
Mas...  o que ele quer dizer com 'bem sucedido'?

Para ele, um artista bem sucedido é o que vende. Obviamente ele fala isso do ponto de vista de um comerciante de arte. Um artista pode ser bem sucedido sem vender? Certamente, pois sucesso varia de pessoa para pessoa. Depende do que se busca. Há artistas que fazem arte apenas pelo prazer de criar. É o que chamam de arte pura. Porém, como o artista geralmente busca reconhecimento, uma das formas de reconhecimento é saber que alguém valoriza tanto de seu trabalho que está disposto a pagar por ele.

Segundo Jason, há alguns requisitos essenciais para que um artista venha a ser aceito por uma galeria. Se esse é o modo pelo qual você escolheu para comercializar sua arte, vale a pena ler o livro na íntegra.

Contudo, vou falar sobre alguns pontos que ele menciona no livro. Como o objetivo do Horejs é vender, todos os clientes são chamados de colecionadores, mesmo aqueles que buscam um quadro como 'ornamento' da sala de estar.



Pontos Relevantes do Livro

✽ Uma das primeiras coisas que ele menciona é que o artista deve, desde o início de sua carreira, evitar comprar materias de qualidade inferior. Ele acredita que você não está criando somente arte, mas um produto que será vendido, e cuja qualidade deve ser superior. A obra de arte pode vir a valorizar com o tempo, e por isso um suporte (telas, papel) e as tintas, solventes, etc, devem resistir ao passar dos anos. 

✽ Com já falamos anteriormente, ele foca insistentemente que o artista produza, produza, produza... Pelo menos uma obra grande ou duas pequenas por semana. Segundo ele, no final do ano o artista teria não só um bom estoque para apresentar a um galerista, como também isso certamtente vai levar a uma maior qualidade do trabalho.

✽ Busque uma temática pela qual você seja 'apaixonado': No caso de um pintor, a sugestão é seguir sua paixão. Mesmo que a moda seja pintar cavalos, e você não gosta de animais, não vai ficar entusiasmado com esse tema. Pense: o que te emociona? Ele sugere que o artista não tente copiar outro artista, mas busque o seu próprio percurso de arte. 

✽ Evite distrações quando estiver trabalhando: desligue o celular, não fique nas mídias sociais, desconecte-se. Ele conta inclusive que uma vez enviou um email para um pintor e que ele respondeu em menos de um minuto. Que ele imaginou o pintor com o pincel numa mão e a outra no teclado. 😄 

✽ Seja consistente em seu trabalho. Não pinte diversos temas, com diversos suportes, diversos tamanhos. Tenha algo que faça os outros reconhecerem uma obra como sua. Busque um estilo.

✽ Comece seu inventário desde a primeira pintura/escultura. Fica mais fácil encontrar uma obra, informar o título, as dimensões, a data em que foi criada, e o que mais for relevante. O autor aconselha utilizar algum software que permita criar um inventário digital. 

✽ Escreva sua biografia e o que lhe motiva a criar sua arte. É o que chamam de 'Art Statement'. Escreva um texto falando sobre a temática, qual a razão de você pintar sobre esse assunto, como você começou sua carreira, seu estilo, sua técnica, materiais, formação, se trabalha em alguma associação de modo voluntário, etc.

✽ Crie um portfolio: Jason comenta que prefere receber os portfolios 'físicos', pois eles o obrigam a pelo menos dar uma olhadinha. Links e CDs geralmente acabam sendo ignorados por ele. Por outro lado, acha fundamental que o artista tenha seu próprio website, pois isso demonstra que ele é profissional. 







Friday, June 29, 2018

Ilustração - Definindo Valores



Muita gente me escreve perguntando sobre os valores que podem cobrar por suas ilustrações. Isso realmente é um assunto delicado. A cada dia tem ficado mais difícil definir um preço. Cada cliente é diferente e nem todos podem pagar o mesmo valor. Como membro da SIB - Sociedade dos Ilustradores do Brasil, participo de um fórum e estamos sempre discutindo o quanto cobrar. Portanto, apesar de termos ideias comuns a respeito, os valores variam.

O valor de uma ilustração depende de vários fatores, alguns objetivos e outros subjetivos. Dentre eles, podemos exemplificar:

. Dimensões: Tomando como referência uma página A4, com certeza uma ilustração de uma página inteira custará bem mais que uma vinheta. E é justificável que uma ilustração de página dupla tenha um valor bem maior que uma ilustração de uma só página.

. Estilo: a ilustração é científica, publicitária, caricatura, cartoon ou oriental? Ilustrar partes do corpo humano para um livro científico pode ser bem mais trabalhoso do que uma tirinha de 3 quadrinhos.

. Acabamento: traço, preto e branco ou colorida? Digital ou artística?

. Complexidade: muitos personagens, muitos detalhes?

. Tiragem ou circulação: será para o jornalzinho do bairro ou para uma revista de grande circulação? Seu cliente usará em quantos produtos?

. Responsabilidade: a ilustração pode vir a ofender alguém ou é sobre algum tema polêmico?

. Arte-final: você vai permitir muitas alterações ou o cliente aceitará a primeira ilustração que você fizer sem objeções?

. Experiência (e até a fama) do ilustrador;

. Se há concorrentes ou o ilustrador é um dos poucos que faz o tipo de ilustração que o cliente deseja;

. Urgência do trabalho;

. Será veiculado em território nacional ou internacional?

Além disso, você deve sentir se o cliente está querendo mesmo trabalhar com você ou se contactou  vários ilustradores ao mesmo tempo, a fim de conseguir o menor preço. Outra sugestão seria perguntar qual é o orçamento que ele tem para o projeto, pois às vezes é até maior que o valor que você pensava em orçar. 😄

Alguns ilustradores iniciantes me perguntam se deveriam começar com um valor mais baixo para conseguir mais clientes. O problema é que isso pode render a eles a fama de que cobram 'baratinho' e o cliente não valorizar o trabalho deles. Também é bom lembrar o velho ditado: 'comece como quer continuar'. Além disso, baixar muito o preço para concorrer com outros ilustradores pode vir a desvalorizar cada vez mais a nossa profissão. Mais uma dica: se você acha que está cobrando pouco por seu trabalho e se sente até mesmo explorado, é porque definiu o seu valor muito baixo mesmo.

De qualquer forma, o importante é nunca trabalhar sem fazer um contrato. O contrato é a sua garantia. Se precisar de alguma informação a mais sobre contratos e valores, entre em contato. 😉




Em breve mais um livro - Sibila, de Marilza Conceição

Essa semana terminei as ilustrações para o livro Sibila, de Marilza Conceição, da Editora Insight. Foram 26 ilustrações e estou bem feliz com mais essa etapa finalizada!




Saturday, June 23, 2018

Hábitos do Artista Produtivo - 4० Hábito

 Tenha sempre uma data para terminar suas obras (deadlines)

Dizem que realizar uma obra de qualidade leva tempo. E leva mesmo. Acredita-se que Leonardo da Vinci era viciado em seu trabalho e dormia muito pouco. Mesmo assim, levou 4 anos para terminar a sua obra prima, "La Gioconda", mais conhecida como Mona Lisa. Como ninguém é perfeito, assim como ele, às vezes deixamos um projeto (pessoal, JAMAIS um trabalho comissionado) no cantinho do atelier para terminar depois. É o que podemos chamar de 'procrastinar entre projetos' (bem melhor que 'obra inacabada', he, he).

Por outro lado, mesmo quando deixamos alguns projetos de lado, é importante estar sempre trabalhando em algo. Acredito que, quando não produzimos quantidade, fica difícil chegar a uma obra de qualidade. Eu sempre digo que, por mais que faça tudo com cuidado e dedicação, ninguém aprende a dirigir bem na primeira tentativa. Quanto mais uma pessoa pratica essa habilidade, melhor ela fica. E, depois de um tempo, a gente acaba até fazendo tudo automaticamente. Nem pensa mais na embreagem (no caso de câmbio manual), troca de marchas, olhar o espelho, ligar a seta...

Alguém pode estar se perguntando: "por que insistir tanto em produtividade? Eu sou um artista. Se eu quisesse produzir todo dia e trabalhar incessantemente, teria escolhido outra carreira". 

De fato, a ideia de que o artista está todos os dias 'desenhandinho', ou no 'ócio criativo', é bem difusa. Esse cenário pode ter sido comum no tempo da Renascença ou de algum outro movimento artístico, quando os artistas tinham os mecenas, que patrocinavam o pintor ou escultor e ele não precisava se preocupar com mais nada, tudo a fim de que ele estivesse trabalhando em alguma obra. 

Entretanto, hoje em dia isso é raro. Os tempos mudaram. Todos temos que pagar contas e dificilmente alguém vai patrocinar um artista para que ele fique meses trabalhando numa mesma obra. Ainda que isso aconteça, esse mecenas vai exigir algum resultado. Atualmente, existe até uma rede social onde os artistas podem ser patrocinados. Todavia, mesmo lá é preciso mostrar resultado. Caso contrário, o mecenas vai investir o dinheiro dele em outro lugar e/ou artista. 

Com isto não estou dizendo que você tem que fazer um quadro todo dia. O que quero dizer é que deve trabalhar em suas obras todos os dias e fixar uma data para terminar, mesmo que esteja trabalhando em mais de um projeto ao mesmo tempo.

Pense num possível cliente que precisa de algumas ilustrações para daqui a 3 dias. Ele tem algumas opções de ilustradores e não sabe qual vai contratar. O que ele vai fazer em primeiro lugar? Possivelmente, checar o portfolio de cada um para saber qual deles tem o estilo que será mais adequado ao briefing que lhe foi passado.  Então eu pergunto: como o cliente vai comparar o trabalho de um ilustrador se ele não tiver um porfolio? E, ainda que tenha o portfolio, como o ilustrador vai poder aceitar um trabalho sem determinar se consegue ou não dar conta de fazer as ilustrações dentro da data limite? 

Somente praticando, tendo uma data de entrega (ainda que seja um projeto pessoal), aprenderemos a  lidar com imprevistos. Ninguém planeja ficar doente, pegar um congestionamento de 2 horas, sem falar das demandas da vida moderna: reunião de pais ou apresentação do filho na escola, pagar contas, fazer compras, cozinhar... Só assim podemos nos conhecer e avaliar se vamos conseguir produzir determinado número de ilustrações dentro do prazo dado pelo cliente.

Então, mesmo que você não esteja trabalhando em um projeto a ser entregue a um cliente, produza arte que tenha uma data limite para terminar. O resultado será uma maior rapidez na execução, mais habilidade para pensar em soluções criativas rapidamente, maior concentração no seu projeto, aumento da produtividade, o que vai resultar em mais tempo para aceitar mais projetos e, por fim, possivelmente um maior retorno financeiro. 

As editoras levam meses para lançar um livro e tudo tem que estar funcionando dentro de um cronograma. Outras pessoas dependem do ilustrador entregar suas imagens dentro de um prazo. Muitos deles só podem começar seu trabalho quando as ilustrações estiverem prontas. Portanto, pratique sempre para entregar dentro da data limite. E, se possível até antes, o que vai lhe conferir uma reputação que pode levar o editor a lhe contratar novamente ou lhe indicar exatamente pela sua pontualidade.

Por que estou escrevendo algo que parece tão óbvio? Infelizmente, muita gente acaba esperando que o primeiro cliente apareça para começar a produzir. Conheço ilustradores que fizeram um só livro e até hoje estão aguardando outro cliente aparecer para começar o segundo. E isso já faz uns dez anos. 

Leão em fase de pintura

Para exemplificar: uma vez recebi um pedido de execução de um mapa mundi de 4 x 2m, sendo 32 telas (50x50) para realizar em uma semana. Era muito trabalho para somente 7 dias. Como eu soube que poderia aceitar? Porque já havia feito outro trabalho similar, do Leão, que era menor (16 telas), e sabia quanto tempo tinha levado. Na verdade, no início o projeto do Leão tinha um prazo de 5 meses para acabar. Mas enquanto eu trabalhava nele, o pessoal ficou empolgado e me pediu para apresentar num evento que aconteceria dentro de um mês. Nesse período, eu ia viajar por duas semanas - olha o imprevisto aí! - ou seja, teria que terminar tudo em duas semanas. Foi uma experiência maravilhosa e que me ajudou a conhecer os meus próprios limites e também a superação deles. E isso nos dá uma sensação de realização gigantesca. Como disse Thomas Edison:

"Se nós realmente fizéssemos tudo que somos capazes, nós surpreenderíamos a nós mesmos". 

Então, o que está esperando? Comece agora mesmo a fazer a sua arte e se surpreenda com os resultados! Você é capaz. 😉


Leão finalizado