No primeiro ano, tive História da Arte, onde estudamos principalmente a arte italiana. Foi muito interessante, pois ouvi sobre pintores que não são tão conhecidos no mundo afora. Também é interessante poder estudar sobre lugares que eram próximos e que podíamos visitar, como a casa da Peggy Guggenheim, em Veneza. As visitas aos museus italianos eram experiências em que parecia que eu estava dentro de um filme. Visitar lugares onde artistas estiveram, fizeram encontros e discutiram arte era algo que me deslumbrava...
Como as aulas eram em italiano, eu costumava gravar o professor falando, e depois, em casa, ficava até de madrugada repassando o que ele tinha falado para o caderno. Isso foi muito útil para lembrar do conteúdo como também para melhorar meu vocabulário, o que era indispensável, já que as provas eram orais e tínhamos que responder diretamente ao professor.
Também tivemos aulas de Técnicas Pictóricas, onde aprendemos várias técnicas, como aquarela, colagem, pastel, carvão, lápis de cor, sanguínea, acrílico, óleo, etc...
Na aula de Pintura, cada aluno era incentivado a seguir o seu próprio percurso. Éramos livres para decidir o que faríamos e a técnica. O professor ia de mesa em mesa para conversar com cada um e fazer comentários, sempre buscando o aperfeiçoamento. Tive pintura com o professor Eugenio Comencini. Abaixo uma obra dele.
Eugenio Comencini
Nesse mesmo ano, tivemos Anatomia Artística, onde aprendemos a desenhar o corpo humano e as proporções. O professor também nos incentivou a desenhar o que desejássemos e trazer à aula para comentar.
Esse desenho fiz da modelo, que neste dia preferiu ficar vestida. Curiosamente, fiz despretensiosamente, e à caneta, mas o resultado agradou muito ao professor, que deu destaque e o apresentou para toda a turma.
Também tivemos outras disciplinas, como Gravura, onde fizemos xilogravura, calcografia, água forte, etc; Fenomenologia da Arte Contemporânea, onde aprendemos sobre Marcel Duchamp e os Surrealistas; Teoria da Percepção e Psicologia da Forma; Fotografia, que tivemos em dois anos. No primeiro ano não nos era permitido utilizar uma câmera digital. Somente a partir do segundo ano o professor começou a permitir. No início do ano tínhamos que escolher um tema e dali em diante fotografar o que fosse correlato.
Além dessas e outras disciplinas, também tínhamos que apresentar uma tese. O tema era escolhido por nós, mas tinha que ser aprovado pelo nosso orientador. Eu escolhi o professor de Pintura como orientador. Fiz um estudo da arte brasileira, desde os tempos dos índios até o momento atual. O professor ficou muito feliz com a possibilidade de aprender mais sobre a arte brasileira. Para mim não foi tão fácil, já que na época havia pouca informação na internet. Tive que pedir à minha mãe para pesquisar livros e enviar para mim lá na Itália. (Rsrs...). Ainda bem que ela é uma pessoa muito animada e curtiu muito não só pesquisar, como também ler mais sobre a arte brasileira.
No último dia de aula, apresentamos nossas teses diante da banca, alunos e familiares. Após o término fomos almoçar juntos, alunos, professores e diretor da Accademia di Belle Arti di Venezia. Não houve uma formatura como temos aqui no Brasil. Achei muito interessante a simplicidade. E é claro: a celebração terminou com muita pasta e vino. 😄
Não foi fácil estudar em outra língua, mas foi um grande aprendizado. Meu filho era pequeno e muitas vezes eu tinha que sair antes da aula ou chegar atrasada porque tinha que levar e pegar na escola. Mas é bom saber que superamos mais uma etapa e estamos prontos para outra. Que se nos dedicarmos, podemos atingir um objetivo que pouco tempo antes parecia muito difícil. Aprendemos também que nem sempre faremos algo perfeito, mas será o nosso melhor e que às vezes vamos surpreender a nós mesmos. Por isso, se você tem um sonho, não desista e faça seu plano. Isso fará com que dê passos para que esteja cada dia mais perto de seu objetivo. E qual o melhor momento para começar? Bem agora. 😉
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