Friday, October 26, 2018

Encontrando seu estilo

Muito fala-se atualmente no estilo do artista. É pelo estilo que as pessoas conseguem reconhecer o autor de uma obra de arte, sem nem mesmo ver sua assinatura. Um exemplo forte disso é o estilo do artista Romero Britto. Quem vê, já sabe que as ilustrações tipo vitral, super coloridas, com linhas pretas, pertencem ao pernambucano. Infelizmente, é um estilo que vem sendo muito copiado.

Embora não exista uma regra, abaixo cito algumas dicas para quem ainda se sente inseguro com relação à busca do seu estilo.

1. O seu estilo próprio se revela muito melhor quando você faz arte para agradar a você mesmo

Sempre que mostro meu portfolio para alguém, as ilustrações que mais recebo comentários positivos são as que fiz pensando em agradar a mim mesma. Claro que temos que cumprir o 'briefing' de um cliente, mas é fato que, quando não termos a intenção de atingir a expectativa dos outros, conseguimos ficar mais soltos e assim a nossa criatividade flui melhor. Fazemos o que mais gostamos e o trabalho acaba ficando uma expressão mais fiel de nós mesmos.

2. Ir além

Eu gosto muito de me desafiar. Acredito que sempre posso melhorar. E isso é uma característica do artista em geral. Gosto do lema do Buzz Lightyear: ao infinito... e além! 😂 Mesmo trabalhando essencialmente com acrílico, às vezes gosto de tentar outras técnicas. Isso faz com que saia da minha zona de conforto e pode até trazer resultados inesperados. Também pode ser que algum resultado dessa exploração acabe sendo incorporado em minha arte, e isso vai certamente refletir no meu estilo.

3. Procure inspiração

Visitar museus, fazer cursos, observar o trabalho de outros artistas... tudo pode te inspirar a descobrir o que mais gosta numa obra e isso também vai ter impacto em sua arte. Não se trata de cópia, mas o fato de observar o trabalho de outros artistas cria um mix de ideas em seu cérebro que levarão você a fazer algo que pode até vir a ser muito diferente, mas que é só seu. Muitos artistas na história trabalhavam em conjunto ou se encontravam para discutir arte. E muitas vezes isso criou um movimento artístico. Há também artistas que eram discípulos de outros, mas que deram seu toque pessoal ao que faziam. Tudo o que somos é reflexo de uma cultura. Ninguém cria algo do nada. Mas o artista interpreta essa cultura e expressa o que absorve de uma maneira única e individual.

4. Mude o ponto de vista

Após toda essa busca à inspiração, pense: o que eu faria diferente desses artistas? O que eu gosto de fazer que é diverso do que já tem sido feito? O que posso fazer que não seja 'moda' no momento?

Embora fale-se muito sobre estilo atualmente, o meu conselho é não se preocupar demais com isso. Desenhando sempre, e muito, o seu estilo próprio vai amadurecendo e você vai ver que as pessoas passarão a reconhecer o seu trabalho com o tempo. A paleta de cores que utiliza, a anatomia da figura humana, o tipo de papel, a técnica, entre outros aspectos do seu trabalho, tudo isso vai contribuir para criar a sua marca dentro do mundo artístico. 😘

Friday, October 19, 2018

Planejando sua carreira como ilustrador ou artista - Para aspirantes a ilustrador ou iniciantes

Quando alguém deseja realizar um objetivo ou sonho, geralmente começa a pensar no que precisa fazer para alcançar esse objetivo. Por exemplo, alguém que vai fazer uma festa faz um planejamento e define as tarefas para isso. Começa geralmente com a data, a lista de convidados, define o lugar, a comida, as bebidas, doces, toalhas, mesas, cadeiras, música, fotografia, etc. Dependendo do tema ou motivo, a lista pode ter mais itens ainda.

Do mesmo modo, para planejar uma carreira, é também preciso fazer uma lista (ou um mapa), definir objetivos e datas. É importante determinar quais objetivos deseja alcançar, dentro de um certo período, de modo que, ainda que faça pouco, vá constante e consistentemente dando pequenos passos em direção àquele objetivo.

1) A primeira coisa que se pode fazer é um mapa ou uma lista de objetivos. Imagine daqui a 5 anos o que gostaria de estar fazendo. Dar uma data limite para si mesmo ajuda muito a ser consistente. Obviamente que os seus objetivos dependem de onde você se encontra hoje. Por exemplo:

Daqui a 5 anos eu:

. estarei formado em artes; ou
. terei feito cursos extracurriculares na área de ilustração; ou
. estarei com pelo menos 1 - ou mais - livros ilustrados publicados;
. terei participado de alguma mostra ou evento de arte;
. terei desenhado ou produzido pinturas diária ou semanalmente, gerando assim uma quantidade substancial de obras;
. serei um artista reconhecido em minha área;
. trabalharei na área de artes e serei bem pago pelo meu trabalho;
. terei uma loja que venda minhas artes ou aplicadas em produtos;
. terei uma obra em um museu importante;
. e por aí vai...

Como eu disse, tudo isso depende do momento em que se encontra. Pode ocorrer também de, no meio do caminho, você desejar mudar seus objetivos, ou até mesmo ampliá-los.

2) Depois disso, é bom você determinar também qual seu objetivo pessoal em relação ao mundo, ou seja: qual o objetivo de minha arte? Pense em algo que tenha impacto - ainda que pequeno - na vida das pessoas. Que marca quer deixar no mundo? Exemplos: meu desejo é ser reconhecido como um artista em minha cidade natal; ou: quero que minha arte inspire as pessoas; quero fazer parte da infância das crianças; quero que toda casa tenha uma obra minha; quero alegrar a vida das pessoas com minha arte; quero usar recursos que sejam sustentáveis; quero trabalhar somente com mangá; desejo usar meus dons para arte-terapia ou para melhorar a vida de pessoas carentes; gostaria de trabalhar somente com clientes e empresas que tenham valores similares aos meus, etc...

Isso vai ajudar e definir o tipo de clientes que terá e também quais trabalhos aceitará ou não.

3) Quais seriam os passos a tomar para chegar nesses objetivos?

Divida seu grande objetivo em pequenas metas. Muitos percursos são divididos em pequenos trechos. Até mesmo as viagens são divididas em etapas, quando longas. Assim também pode ser sua jornada em direção ao seu sonho. Pense no que precisa fazer para chegar lá e divida em pequenas partes, mas que possam ser feitas em questão de semanas ou meses. Como nós seres humanos geralmente temos a tendência a ser procrastinadores, quanto menor a tarefa, maior a chance de você executar.

Por exemplo:

. Se você deseja trabalhar com licenciamento, faça uma lista de quais lojas virtuais teriam a possibilidade de vender sua arte.
. Ou, se você mesmo irá preparar os produtos, onde poderia encontrar fornecedores? Faça contato, visite-os.
. Se deseja ilustrar para revistas ou livros, quais publicações ou editoras tem relação com o trabalho que faz?
. Que galerias aceitariam as suas obras? Que tal visitar algumas?
. Em quais concursos poderia participar?
. Que materiais poderia adquirir para realizar seu trabalho?
. Há um espaço em sua casa onde possa trabalhar?
. Se fosse abrir uma empresa (ou studio), teria um nome diferente ou o seu?
. Como iria legalizar sua profissão? Microempreendedor, empresa simples, autônomo?
. O que você escreveria em sua biografia? Leia biografias de outros artistas para saber o que escrevem.

Responder a essas questões vai ajudar a visualizar a si mesmo como artista e motivar você a executar cada dia um pouquinho do seu planejamento. E quando menos esperar, estará fazendo o que ama como profissão. ;-)




Saturday, October 6, 2018

Ilustração


O menino e as letras - fiz essa ilustração para a autora Carla Tetamante, antes de começar a ilustrar seu livro 'A Festa das Letras'. Como ela tem quatro filhos, coloquei as letras de modo que os nomes deles pudessem ser encontrados. Você consegue achar todos? :-)

Friday, October 5, 2018

O Sonho de se tornar Artista - 2

Como eu dizia na primeira parte dessa postagem, aqui, ao entrar para a Accademia di Belle Arti di Venezia, a jornada só estava começando.

No primeiro ano, tive História da Arte, onde estudamos principalmente a arte italiana. Foi muito interessante, pois ouvi sobre pintores que não são tão conhecidos no mundo afora. Também é interessante poder estudar sobre lugares que eram próximos e que podíamos visitar, como a casa da Peggy Guggenheim, em Veneza. As visitas aos museus italianos eram experiências em que parecia que eu estava dentro de um filme. Visitar lugares onde artistas estiveram, fizeram encontros e discutiram arte era algo que me deslumbrava...

Como as aulas eram em italiano, eu costumava gravar o professor falando, e depois, em casa, ficava até de madrugada repassando o que ele tinha falado para o caderno. Isso foi muito útil para lembrar do conteúdo como também para melhorar meu vocabulário, o que era indispensável, já que as provas eram orais e tínhamos que responder diretamente ao professor.

Também tivemos aulas de Técnicas Pictóricas, onde aprendemos várias técnicas, como aquarela, colagem, pastel, carvão, lápis de cor, sanguínea, acrílico, óleo, etc...

Na aula de Pintura, cada aluno era incentivado a seguir o seu próprio percurso. Éramos livres para decidir o que faríamos e a técnica. O professor ia de mesa em mesa para conversar com cada um e fazer comentários, sempre buscando o aperfeiçoamento. Tive pintura com o professor Eugenio Comencini. Abaixo uma obra dele.


 Eugenio Comencini

Nesse mesmo ano, tivemos Anatomia Artística, onde aprendemos a desenhar o corpo humano e as proporções. O professor também nos incentivou a desenhar o que desejássemos e trazer à aula para comentar. 








Esse desenho fiz da modelo, que neste dia preferiu ficar vestida. Curiosamente, fiz despretensiosamente, e à caneta, mas o resultado agradou muito ao professor, que deu destaque e o apresentou para toda a turma. 

Também tivemos outras disciplinas, como Gravura, onde fizemos xilogravura, calcografia, água forte, etc; Fenomenologia da Arte Contemporânea, onde aprendemos sobre Marcel Duchamp e os Surrealistas; Teoria da Percepção e Psicologia da Forma; Fotografia, que tivemos em dois anos. No primeiro ano não nos era permitido utilizar uma câmera digital. Somente a partir do segundo ano o professor começou a permitir. No início do ano tínhamos que escolher um tema e dali em diante fotografar o que fosse correlato. 

Além dessas e outras disciplinas, também tínhamos que apresentar uma tese. O tema era escolhido por nós, mas tinha que ser aprovado pelo nosso orientador. Eu escolhi o professor de Pintura como orientador. Fiz um estudo da arte brasileira, desde os tempos dos índios até o momento atual. O professor ficou muito feliz com a possibilidade de aprender mais sobre a arte brasileira. Para mim não foi tão fácil, já que na época havia pouca informação na internet. Tive que pedir à minha mãe para pesquisar livros e enviar para mim lá na Itália. (Rsrs...). Ainda bem que ela é uma pessoa muito animada e curtiu muito não só pesquisar, como também ler mais sobre a arte brasileira. 

No último dia de aula, apresentamos nossas teses diante da banca, alunos e familiares. Após o término fomos almoçar juntos, alunos, professores e diretor da Accademia di Belle Arti di Venezia. Não houve uma formatura como temos aqui no Brasil. Achei muito interessante a simplicidade. E é claro: a celebração terminou com muita pasta e vino. 😄

Não foi fácil estudar em outra língua, mas foi um grande aprendizado. Meu filho era pequeno e muitas vezes eu tinha que sair antes da aula ou chegar atrasada porque tinha que levar e pegar na escola. Mas é bom saber que superamos mais uma etapa e estamos prontos para outra. Que se nos dedicarmos, podemos atingir um objetivo que pouco tempo antes parecia muito difícil. Aprendemos também que nem sempre faremos algo perfeito, mas será o nosso melhor e que às vezes vamos surpreender a nós mesmos. Por isso, se você tem um sonho, não desista e faça seu plano. Isso fará com que dê passos para que esteja cada dia mais perto de seu objetivo. E qual o melhor momento para começar? Bem agora. 😉 


Wednesday, October 3, 2018

Mais um lançamento: Sibila!!!


Sibila, escrito por Marilza Conceição e ilustrado por Ingrid Osternack Barros Neves, publicado pela Editora Insight.