Thursday, October 31, 2019

Friday, October 25, 2019

O Ilustrador Empreendedor




Uma coisa que me tira do sério é ouvir que nós, artistas e profissionais do desenho e ilustração, temos tempo livre, não temos horário fixo, que vivemos relaxados e tranquilos, quase como se estivéssemos ‘vendendo nossa arte na praia’. A verdade é que a profissão do ilustrador demanda muito tempo e empenho. Posso dizer que, pelo menos para mim, se tem uma coisa que o ilustrador não tem sobrando é tempo. Além de ter que desenhar e ilustrar, o ilustrador freelancer, ou até mesmo o ilustrador empreendedor, também atua em várias áreas dentro da sua ‘empresa’. Diferentemente dos Estados Unidos, onde geralmente há a figura do agente, aqui no Brasil o ilustrador tem que se virar quase totalmente sozinho. O ilustrador é praticamente uma “empresa de uma pessoa só”. Veja só:

Orçamentos: além de ter que apresentar orçamentos para seus clientes, dependendo da sua área de atuação, tem que orçar com a gráfica e fornecedores.

Planejamento: de curto e longo prazo, tanto para o projeto do momento como para saber o que estará fazendo no ano que vem.

Gerenciamento de tempo: é essencial ter equilíbrio entre o ‘ilustrar’ e as demais tarefas comerciais, financeiras e legais. Não dá para passar o tempo todo fazendo marketing, e esquecer do seu produto, ou seja, ilustrações.

Administração de materiais – para quem trabalha com materiais como pincéis, tintas e papéis especiais, por exemplo, ou fornece produtos com suas ilustrações.

Cronograma de trabalho – Não fazer um cronograma dos seus projetos pode ser um ‘tiro no pé’. O tempo que se gasta num cronograma se ganha na organização do próprio tempo, possibilitando saber de antemão quando vai terminar um projeto e se - e quando - é possível aceitar outro. Já me pediram para fazer 365 ilustrações em 30 dias. Se eu não souber em quanto tempo eu faço cada ilustração, posso acabar aceitando algo que, para mim, seria impossível entregar num prazo tão apertado.

Emissão de notas ou recibos – no caso do ilustrador ter uma pequena empresa, pode ter que lidar com notas fiscais eletrônicas, boletos, faturas, etc.

Contabilidade e finanças – mesmo que o ilustrador tenha um contador, ainda assim tem que ter noção de impostos, realizar pagamentos, etc...

Contratos – essencial ler e analisar cada cláusula, para ver se cobriu todas as possibilidades antes de assinar e se não há nenhuma abusiva. Além disso, o ‘combinado não sai caro’. Uma vez assinado o contrato, dificilmente se consegue modificar alguma condição. Vou dar um exemplo: a editora pode não querer colocar seu nome na capa do livro, e uma cláusula no contrato pode evitar que você fique ‘esquecido’. Já imaginou você ter um trabalho que vai atingir milhares de pessoas e alguém gostar do seu trabalho mas não saber quem fez as ilustrações do livro?

Negociação de valores – cada caso é um caso e cada cliente um cliente. Nem sempre você vai poder cobrar a mesma coisa de cada cliente. Depende de vários fatores e uma negociação pode levar dias e dias de troca de e-mails entre você e o editor.

Encontro com clientes/expedição – embora não seja comum, alguns clientes querem conhecer o ilustrador antes de contratar. Em outros casos, você pode se encontrar com algum possível cliente para discutir novos projetos que estão somente no papel. Sem falar que, às vezes tem que entregar ou despachar os produtos que comercializa.

Oficinas – recebo muitos pedidos de oficinas. Às vezes eu aceito, às vezes, não. Uma oficina demanda muito tempo e geralmente quem solicita não pode (ou não quer) remunerar o seu tempo e trabalho. Isso depende do estágio em que você se encontra, se tem ou não algum trabalho no momento, se você vê oportunidades ou não, entre outros fatores. Mas muitas vezes é um tempo que você emprega e que, no fim, não recebe nem um lanchinho nem o dinheiro para o seu transporte.

Hora extra – é isso mesmo. Quantas vezes não ficamos até as 2h da manhã para terminar um trabalho? A vida é feita de eventos, alguns bons e outros nem tanto. E algum deles pode atrasar o seu trabalho e você ter que usar um fim de semana para terminar.

Divulgação e marketing – com tantas mídias sociais, temos que aproveitar para expor e divulgar nosso trabalho. Confesso que não dou tanta atenção a isso como deveria, mas o tempo que uso para isso depende da quantidade de trabalho que tenho naquela semana. Se tiver um livro para entregar, provavelmente vou postar pouco. Mas que é importante, isso é.

Visitar feiras, participar de associações – essa parte é bem interessante. Embora seja uma delícia visitar feiras, encontrar com colegas, assistir palestras, ainda assim isso toma tempo. Tem enormes vantagens pois, além de ser um evento social, que é ótimo, oportunidades de trabalho podem surgir.

Minha mãe diria: fiquei cansada só de ler. Mas é verdade. Hoje mesmo falei com três fornecedores meus, e dois deles vieram trazer material que mandei imprimir. Nos dois casos o produto não ficou como a prova que haviam feito. Isso significa retrabalho, tanto para eles como para mim. Tempo que poderia estar ilustrando ou, como diz meu filho, ‘desenhandinho’. E mesmo para isso temos que pesquisar, estudar, fazer rascunhos...

Enfim, embora a profissão de ilustrador pareça glamourosa para quem olha de fora, a realidade é que somos praticamente uma empresa, e temos que atuar como tal.

Friday, October 11, 2019

A Profissão do Ilustrador




A cada dia que passa a profissão do ilustrador fica mais interessante. Antigamente, um ilustrador não passava de um prestador de serviços. Alguns livros nem davam crédito ao ilustrador. Atualmente, felizmente, o ilustrador já tem sido visto e considerado como autor de imagem.

É importante ressaltar que a ilustração é muito influenciada pela cultura em que foi criada. Alguns autores acreditam que a ilustração começou no tempo das cavernas. Outros estudiosos tem dificuldade em definir o que é arte e o que é ilustração. Eu, particularmente, acredito que a ilustração é mais um tipo de arte. É, na minha opinião, a união do ‘útil ao agradável’. Eu explico: enquanto a arte pode sobreviver por si só, a ilustração geralmente vem acompanhada de uma narrativa. O objetivo da ilustração é comunicar uma ideia, conceito ou mensagem. Geralmente utilizada em publicidade, política e nos meios jornalísticos, a ilustração tem um caráter de utilidade. Embora seja possível ser somente decorativa, geralmente tem como objetivo a comunicação.

Com o advento da imprensa, a ilustração começou a ser utilizada de modo mais abrangente, criando oportunidades cada vez maiores para o ‘artista-ilustrador’. Alguém pode argumentar que a ilustração é substituível, pois temos a fotografia. Porém, nem toda foto consegue transmitir uma mensagem como uma ilustração. Bem que dizem que uma imagem vale mais que mil palavras...

Nos últimos anos, percebemos uma grande expansão dessa arte. Hoje, a maioria dos ilustradores são freelancers, alguns deles trabalhando para si mesmos, e recebendo crédito pelas suas artes como verdadeiros artistas. São artistas independentes, que fazem seu próprio horário, e que buscam significado no que fazem, com o objetivo de obter satisfação no seu trabalho. Essa maior possibilidade de trabalho também gerou maior competitividade, o que fez aumentar consideravelmente a qualidade do trabalho dos ilustradores e também gerou a necessidade de buscar a cada dia aprimoramento maior. Não basta mais saber ilustrar, é preciso se destacar. Além disso, é necessário também conhecer como funciona o mercado e os aspectos comerciais e legais da profissão.

Pensando nisso, criei o curso online “Primeiros Passos do Ilustrador”, no qual falo sobre todos esses aspectos. Ainda sem data para abertura de turma, esse curso visa preencher uma lacuna na formação do ilustrador.

Se desejar receber informações a respeito, entre em contato ou deixe seu nome aqui.

Outra notícia:

Nesse fim de outubro, a Prefeitura de Curitiba me convidou para realizar uma mostra individual das ilustrações do livro “Curitiba de A a Z”. A abertura da mostra está programada para o dia 31 de outubro, às 17h, no Espaço Cultural David Carneiro, na Brigadeiro Franco, anexo ao Hotel Pestana.