Esta semana terminam as inscrições para o Luxembourg Art Prize – Prêmio Luxemburgo de Arte. Se você já tem obras de arte produzidas por você, pode se inscrever até o dia 31 de maio.
NOVA DATA: 31 DE AGOSTO DE 2020
Do que se trata?
O Luxembourg Art Prize é um Prêmio anual internacional, organizado pela Pinacoteca, museu privado sem fins lucrativos, situado no Grão-Ducado do Luxemburgo. O Prêmio visa revelar anualmente os talentos – amadores ou profissionais – qualquer que seja a sua idade e nacionalidade.
Desde a sua criação em 2015, este Prêmio visa lançar ou consolidar a carreira de artistas que aguardam reconhecimento internacional, permitindo que exponham em um museu europeu em uma exposição coletiva dos finalistas. O Luxembourg Art Prize também proporciona aos artistas uma sólida referência de museu para adicionar ao currículo.
Para ajudar o vencedor de forma bastante significativa, este recebe uma bolsa de 50.000 € (cerca de R$ 300.000,00). O vencedor tem toda a liberdade para utilizar esse dinheiro como melhor lhe convier.
Quais obras podem participar?
As obras de arte concorrentes ao Luxembourg Art Prize podem ser em qualquer técnica: desenho, impressão, instalação, pintura, fotografia, escultura, técnicas mistas, artes decorativas (têxtil e materiais, vidro, madeira, metal, cerâmica, mosaico, papel ou outras técnicas). Não é imposto nenhum tema específico às obras de arte apresentadas ao concurso pelos artistas.
Quem já lê meus artigos há algum tempo sabe que valorizo a iniciativa. Acredito que o tempo de ficar esperando ser ‘descoberto’ como ilustrador já passou.
Hoje em dia, temos muitas possibilidades para trabalhar sem esperar que alguém nos contrate. Nós mesmos podemos investir em produtos ou livros e tomar as rédeas de nossas vidas.
Uma ilustradora que é muito famosa, embora já falecida, também passou por um início difícil. Beatrix Potter, mesmo vivendo nos idos 1800, começou desenhando cartões de Natal para ganhar dinheiro. Quando já tinha mais recursos, decidiu que iria escrever suas próprias histórias.
Porém, Beatrix não conseguiu encontrar uma editora que publicasse as suas histórias. Recebeu muitas cartas de rejeição e decidiu que ela mesma iria patrocinar seu livro. Criou um pequeno livro em preto e branco com a histórias de quatro coelhinhos e publicou 250 cópias.
Logo depois uma editora se interessou pelo livro e resolveu publicar. Foi um sucesso e vendeu 20 mil cópias. Esse livro era “As aventuras de Pedro Coelho”. Depois disso, ela publicou mais 23 livros.
O que me impressiona é que, em 1890, quando as mulheres ainda nem votavam, ela já tenha tido a iniciativa de fazer um livro sozinha. E sua proatividade foi recompensada. Além de ter tido a oportunidade de publicar muitos outros livros, hoje é uma das escritoras e ilustradoras mais famosas e queridas da Inglaterra. Há vários livros publicados sobre ela, bem como um filme.
Se desejar conhecer mais sobre Beatrix Potter, conheça o livro que fala sobre sua obra e ilustrações.
Desde pequena, meu sonho era trabalhar com arte. Como criança ainda, pensava mais em ser pintora. Mas como eu também gostava muito de ler, quando adolescente comecei a pensar em trabalhar com ilustração, pois unia os meus dois interesses.
A vida não era fácil naquela época. Ainda não tínhamos internet, nem todo esse acesso à informação. Hoje, com uns cliques, conseguimos tanta informação que nem sabemos no que acreditar. Mas tudo que eu tinha para estudar a respeito de arte e desenho era um livro de algum parente, que se chamava Curso de Desenho, de José Arruda Penteado. Esse livro era destinado aos cursos ginasial, comercial e técnico profissional. Eu passava minhas horas livres estudando os capítulos. Meu capítulo prefeiro era sobre desenho decorativo. Acredito que esse livro tenha sido de minha prima (12 anos mais velha que eu), que tinha estudado no Cefet. Enfim, esse foi um dos primeiros contatos que tive com informação relativa a desenho e artes.
Já adulta, fui cultivando esse lado artístico como hobby. Amava desenhar, e no Ensino Médio decidi que tentaria fazer Educação Artística. Porém, como precisava arrumar logo um trabalho, comecei a dar aula para o Ensino Fundamental, pois era formada no Magistério durante o Ensino Médio. Um dia, meu professor de música comentou que ele achava que tínhamos que garantir nosso sustento antes de tentar a carreira artística. Ele tinha estudado Contabilidade e só depois de se estabelecer que decidiu correr atrás do seu sonho. Ele nos orientou e deixar os sonhos de lado e garantir um emprego.
Por isso, acabei prestando vestibular para Administração na UFPR e passei. Logo consegui um trabalho, mas meu sonho continuava dentro de mim: queria estudar artes. Nessa época, até escrevi uma história infantil (horrível!!!) e ilustrei. Já postei aqui no blog uma vez. Ficou um trabalho bem ruim, mas foi um começo. Não dizem que é “melhor feito do que perfeito”?
Quando acabei Administração, prestei vestibular para Pintura, na Embap – Escola de Música e Belas Artes do Paraná, e passei. Porém, a empresa onde trabalhava decidiu que eu deveria fazer uma pós-graduação em Marketing e, não querendo perder a oportunidade de ter uma bolsa parcial, acabei não dando continuidade ao curso.
Casei, tive um filho e decidi que ia então estudar Artes. Prestei vestibular para Educação Artística e passei. Comecei o primeiro ano e estava encantada com o curso. Finalmente tinha conseguido iniciar os meus estudos. Porém, meu marido foi convidado para trabalhar por dois anos na Itália pela empresa dele. Mais uma vez adiei esse sonho e parti para a Itália, cheia de esperança de que pudesse estudar lá.
Na Itália, foi muito complicado conseguir informação. No primeiro ano, nada fiz, fui aprendendo a língua e tentando me adaptar. Meu filho era pequeno e me tomava quase todo o tempo.
Um dia, consegui a informação de que a 90km de minha casa tinha uma Academia de Artes. Peguei meu filho e parti em direção a Veneza, quase duas horas de viagem. Ele tinha 2 anos na época.
Cheguei na Accademia di Belle Arti di Venezia e pedi informações. Eu tinha que enviar todos os meus documentos para o Brasil, mandar traduzir (juramentado) e entregar no consulado. Não foi fácil, tive que contar com a ajuda de minha mãe e uma amiga que foi entregar no consulado. Elas aqui no Brasil e eu na Itália. Até foto autenticada tive que fazer.
Enfim, fiz a inscrição e o vestibular. No exame fiz uma prova oral e duas provas de desenho de observação. Felizmente, passei. Foi algo fantástico. O esforço foi grande, mas valeu a pena.
Só que aí eu tinha outro problema. Estudava o dia todo, 2h de viagem para ir e 2h para voltar. Era muito complicado e não dava tempo de deixar meu filho na escola. Mas com a ajuda de Deus, nesse mesmo ano a Accademia começou a ampliar os seus espaço e dividiu os campi em vários lugares. Entre eles, havia uma sede destacada a 30 minutos de minha casa. Pedi transferência, falei com o diretor da Accademia e comecei a estudar nessa outra sede.
Foram 4 anos de estudo nas mais diversas áreas: História da Arte, História da Arte Italiana, Anatomia Artística, Técnicas Pictóricas, Fotografia, Fundamentos da Arte Contemporânea, Gravura, etc...
Formada, comecei a pensar no que faria com o meu diploma. Era professora formada, graduada em Administração, pós-graduada em Marketing, graduada em Pintura, mas não tinha noção do que poderia fazer. Ouvi então de uma Fundação que oferecia cursos de ilustração infantil próximo à minha casa. Fiquei sabendo que era conhecida como a cidade da ilustração infantil e me matriculei num dos cursos. Era o curso de Svjetlan Junakovic, oferecido pela Fondazione Stepan Zavrel.
Pouco depois que fiz esse aperfeiçoamento em ilustração, voltamos ao Brasil e comecei a procurar me inserir nesse mercado. Dei aulas, iniciei projetos pessoais, fiz ilustrações avulsas, etc...Um dia, uma conhecida, que já havia publicado livros antes, me deu uma história para ilustrar. Fiz as ilustrações mas ela não conseguiu publicar. Eu não recomendo que façamos trabalhos de graça, mas na época não sabia disso. A desvantagem foi ter feito um trabalho que acabou não dando em nada. Mas o lado bom foi que aprendi bastante nesse processo.
Depois disso, um pessoa me indicou para um outro escritor. Foi aí que as coisas começaram a acontecer. Ele me mandou a história. Dessa vez, tendo aprendido com a experiência, fiz somente algumas ilustrações para ele apresentar ao editor. O editor gostou e, daquela história, resolveu fazer 6 livros! Podem imaginar minha alegria? Eu tinha conseguido não um só livro, mas uma coleção de 6 livro de uma só vez. Levei 6 meses para fazer todos. No meio do processo, eles pediram mais um.
Assim, começaram a aparecer os trabalhos. O trabalho do ilustrador infantil é meio sazonal, então quando eu não tinha algum livro para ilustrar, me dedicava a projetos diversos, oficinas, cenografia, projetos voluntários. Com o tempo, foram surgindo outras oportunidades. Hoje eu mal acordo, já estou pensando nas atividades que tenho para fazer, nos produtos que vou criar, nos livros que vou ilustrar.
A minha jornada até aqui foi demorada, mas a sua não precisa ser. Se desejar, baixe AQUI o meu livro Manual do Ilustrador Iniciante e saiba mais sobre isso. Abs!
Uma das dúvidas que mais recebo é sobre como fazer um orçamento de ilustrações para um livro infantil. No início a gente fica mesmo meio perdido e não sabe nem por onde começar.
Quando um editor (ou um autor de texto = escritor) entra em contato comigo, sempre peço que me envie o texto. Eu não tenho o hábito de fazer orçamento sem conhecer o texto que vou ilustrar. Cada caso pode ser diferente. A editora pode me enviar o texto em pdf, já todo separado e com uma pré-diagramação (o que algumas editoras chamam de decupagem ou spread), pode me enviar o texto separado com o número da página em que o trecho vai ficar, como também pode me enviar somente o texto inteiro, sem nenhuma separação.
Caso o texto já esteja pré-diagramado (às vezes até com a posição que vai ocupar na página), fica muito mais fácil fazer o orçamento. Basta fazer uma lista das ilustrações mencionadas e o valor respectivo. Veja no exemplo abaixo como o editor me enviou o texto do livro Cheiros.
No exemplo acima já está determinado que para essa página devo fazer uma ilustração de página inteira.
Nesse exemplo não só já estão definidas as dimensões das ilustrações, como também o autor faz observações sobre como deseja a ilustração.
Embora seja raro, na segunda possibilidade, geralmente o texto vem em Word e separado com o número da página. Mas não menciona as dimensões da ilustração. Nesse caso, eu já sei quantas ilustrações o editor ou autor está querendo, basta definir o tamanho conforme a quantidade de texto. Ou, mesmo que o texto seja curto, eu posso sugerir as dimensões e conversar com o cliente de acordo com o orçamento que ele dispõe para esse trabalho. Afinal, os valores variam conforme as dimensões.
No texto acima, o autor enviou o texto separado, com o número de páginas definido e algumas observações de como desejava as ilustrações. Até hoje, foram poucos os autores que deram sugestões, como também poucos solicitaram modificações nos rafes.
A terceira possibilidade é receber o texto inteiro, sem separações. Geralmente quando um escritor (e não o editor) envia, na maioria das vezes vem assim. Aí resta conversar com o escritor para saber quantas páginas deseja e o formato (quadrado, retangular, dimensões). É esse tipo de orçamento que dá mais trabalho, porém, é o que lhe dá mais liberdade de execução.
Nesse caso, eu divido o texto segundo o número de páginas que combinei com o autor ou editor, dou sugestão de formato e faço uma boneca do livro, geralmente no Corel Draw, para visualizar o resultado. Isso agrada muito ao cliente, pois não só lhe dá uma ideia de como ficará, como também demonstra que você tem conhecimento e proatividade. Aí eu defino quantas ilustrações vou fazer de cada: página dupla, página inteira, meia página, vinhetas + a capa. Faço uma lista, defino valores unitários e valor total do trabalho.
Já aconteceu comigo de o autor enviar um texto, eu fazer as ilustrações, receber os pagamentos e, no fim, ele me enviar um texto muito maior. 😟 O que fazer? Bem, como eu havia feito contrato entre as partes (ilustradora e autor), não alterou em nada o meu trabalho. O pagamento foi realizado pelo número de ilustrações que eu havia definido no orçamento/contrato, e o livro foi diagramado com as ilustrações que eu havia combinado por escrito. No fim, a quantidade acabou sendo suficiente e o livro já está na segunda edição.
Também já aconteceu de, durante a execução de um projeto, solicitarem a ampliação do número de ilustrações e as dimensões pelo mesmo preço. Nesse caso. sugeri a alteração de valores e infelimente não chegamos a um acordo. Como eu já até havia recebido parte do pagamento, preferi devolver o adiantamento e não dar continuidade. Escrevo isso para que outros ilustradores saibam que, infelizmente, no meio de muita gente boa, sempre há aqueles que querem obter alguma vantagem. Eu poderia ter aceitado as condições deles para não perder o trabalho? Até poderia, mas estaria passando a mensagem de que não tenho certeza do valor do meu trabalho.
Finalizando, vale a pena ser detalhista quando apresentar um orçamento. E não esqueça de escrever tudo no contrato. Assim fica claro para ambas as partes os direitos e deveres de cada um. Se tiver alguma dúvida, entre em contato. 😗