A vida não era fácil naquela época. Ainda não tínhamos internet, nem todo esse acesso à informação. Hoje, com uns cliques, conseguimos tanta informação que nem sabemos no que acreditar. Mas tudo que eu tinha para estudar a respeito de arte e desenho era um livro de algum parente, que se chamava Curso de Desenho, de José Arruda Penteado. Esse livro era destinado aos cursos ginasial, comercial e técnico profissional. Eu passava minhas horas livres estudando os capítulos. Meu capítulo prefeiro era sobre desenho decorativo. Acredito que esse livro tenha sido de minha prima (12 anos mais velha que eu), que tinha estudado no Cefet. Enfim, esse foi um dos primeiros contatos que tive com informação relativa a desenho e artes.
Por isso, acabei prestando vestibular para Administração na UFPR e passei. Logo consegui um trabalho, mas meu sonho continuava dentro de mim: queria estudar artes. Nessa época, até escrevi uma história infantil (horrível!!!) e ilustrei. Já postei aqui no blog uma vez. Ficou um trabalho bem ruim, mas foi um começo. Não dizem que é “melhor feito do que perfeito”?
Quando acabei Administração, prestei vestibular para Pintura, na Embap – Escola de Música e Belas Artes do Paraná, e passei. Porém, a empresa onde trabalhava decidiu que eu deveria fazer uma pós-graduação em Marketing e, não querendo perder a oportunidade de ter uma bolsa parcial, acabei não dando continuidade ao curso.
Casei, tive um filho e decidi que ia então estudar Artes. Prestei vestibular para Educação Artística e passei. Comecei o primeiro ano e estava encantada com o curso. Finalmente tinha conseguido iniciar os meus estudos. Porém, meu marido foi convidado para trabalhar por dois anos na Itália pela empresa dele. Mais uma vez adiei esse sonho e parti para a Itália, cheia de esperança de que pudesse estudar lá.
Na Itália, foi muito complicado conseguir informação. No primeiro ano, nada fiz, fui aprendendo a língua e tentando me adaptar. Meu filho era pequeno e me tomava quase todo o tempo.
Um dia, consegui a informação de que a 90km de minha casa tinha uma Academia de Artes. Peguei meu filho e parti em direção a Veneza, quase duas horas de viagem. Ele tinha 2 anos na época.
Cheguei na Accademia di Belle Arti di Venezia e pedi informações. Eu tinha que enviar todos os meus documentos para o Brasil, mandar traduzir (juramentado) e entregar no consulado. Não foi fácil, tive que contar com a ajuda de minha mãe e uma amiga que foi entregar no consulado. Elas aqui no Brasil e eu na Itália. Até foto autenticada tive que fazer.
Só que aí eu tinha outro problema. Estudava o dia todo, 2h de viagem para ir e 2h para voltar. Era muito complicado e não dava tempo de deixar meu filho na escola. Mas com a ajuda de Deus, nesse mesmo ano a Accademia começou a ampliar os seus espaço e dividiu os campi em vários lugares. Entre eles, havia uma sede destacada a 30 minutos de minha casa. Pedi transferência, falei com o diretor da Accademia e comecei a estudar nessa outra sede.
Foram 4 anos de estudo nas mais diversas áreas: História da Arte, História da Arte Italiana, Anatomia Artística, Técnicas Pictóricas, Fotografia, Fundamentos da Arte Contemporânea, Gravura, etc...
Formada, comecei a pensar no que faria com o meu diploma. Era professora formada, graduada em Administração, pós-graduada em Marketing, graduada em Pintura, mas não tinha noção do que poderia fazer. Ouvi então de uma Fundação que oferecia cursos de ilustração infantil próximo à minha casa. Fiquei sabendo que era conhecida como a cidade da ilustração infantil e me matriculei num dos cursos. Era o curso de Svjetlan Junakovic, oferecido pela Fondazione Stepan Zavrel.
Pouco depois que fiz esse aperfeiçoamento em ilustração, voltamos ao Brasil e comecei a procurar me inserir nesse mercado. Dei aulas, iniciei projetos pessoais, fiz ilustrações avulsas, etc...Um dia, uma conhecida, que já havia publicado livros antes, me deu uma história para ilustrar. Fiz as ilustrações mas ela não conseguiu publicar. Eu não recomendo que façamos trabalhos de graça, mas na época não sabia disso. A desvantagem foi ter feito um trabalho que acabou não dando em nada. Mas o lado bom foi que aprendi bastante nesse processo.
Depois disso, um pessoa me indicou para um outro escritor. Foi aí que as coisas começaram a acontecer. Ele me mandou a história. Dessa vez, tendo aprendido com a experiência, fiz somente algumas ilustrações para ele apresentar ao editor. O editor gostou e, daquela história, resolveu fazer 6 livros! Podem imaginar minha alegria? Eu tinha conseguido não um só livro, mas uma coleção de 6 livro de uma só vez. Levei 6 meses para fazer todos. No meio do processo, eles pediram mais um.
A minha jornada até aqui foi demorada, mas a sua não precisa ser. Se desejar, baixe AQUI o meu livro Manual do Ilustrador Iniciante e saiba mais sobre isso. Abs!
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