Ontem tive o prazer de ministrar uma oficina de ilustração de Hai Cais na Festa Literária do Colégio Medianeira. Foi uma experiência maravilhosa! Havia onze pessoas na oficina, todos muito animados e dedicados!
Para começar, falamos um pouco sobre ilustração, cores, rafes, como é o meu processo de trabalho. Falei sobre as técnicas que eu uso e a partir daí os alunos escolheram os hai cais que desejavam ilustrar. A oficina deveria durar um hora, mas acabamos ficando quase três horas enquanto todos desenhavam, pintavam e trocavam experiências.
Agradeço a Alvaro Posselt, Gloria Kirinus, Rita de Cássia M. Alcaraz, Célia Cris Silva e Marilza Conceição por terem cedido os hai cais para a oficina!
Agradeço a presença dos alunos (se eu errar na grafia dos nomes, me desculpem, mas como só falamos e não escrevemos, pode acabar faltando ou sobrando alguma letra!): Priscila, Vivian, Lauren, Silvana, Lina, Vítor, Luciano, Natália, Isabella, Gabriela e Yury!
Obrigada ao Colégio Medianeira pela oportunidade!
Friday, October 25, 2013
Thursday, October 24, 2013
‘Meramente ilustrativo’ versus a ‘licença poética’ da ilustração
Como ilustradora, acredito que a
ilustração em geral não visa apenas decorar um texto ou repetir o conteúdo
através de imagens. Mais do que isso, tem como objetivo expressar sentimentos,
elucidar aquilo que está nas entrelinhas, provocar até, entre outras funções. ‘Tanto é vero’ que existem livros sem
texto e a ilustração fala por si. Seu objetivo não é retratar o mundo
exatamente como ele é, mas dar ao leitor a possibilidade de questionar o texto,
relacionar o mesmo à sua vida, fazer pensar, suscitar ideias, acompanhar e
complementar o enredo. Se pensarmos que toda ilustração deve apenas retratar a
realidade, acho não teríamos mais trabalho para ilustradores, mas para fotógrafos.
É claro que existem os ilustradores que trabalham com imagens hiper-realistas (que acho fantásticas!),
cujo objetivo é retratar o objeto exatamente como ele é. Mas neste caso, vamos falar de algo diferente. A ilustração é muito importante num livro infantil, porque muitas vezes a criança ainda não lê o texto, focando só nas imagens.
Nem sempre o ilustrador é
considerado um autor, mas apenas um prestador de serviço. Isso é um equívoco,
pois o ilustrador é o autor da imagem e deveria ser até considerado co-autor de
um livro infantil. Aqui no Brasil, infelizmente, o ilustrador geralmente não
tem o mesmo ‘status’ de um escritor. O escritor é visto como o verdadeiro autor
do livro. Isso não acontece na Itália. Lá os dois são considerados autores e
ambos os nomes aparecem na capa com a mesma fonte e também com o mesmo tamanho
de fonte. E aqui ainda encontramos editores que se recusam a colocar o nome do
ilustrador na capa a não ser que esteja previsto em contrato e ainda se dão o
direito de modificar a sua ilustração sem lhe consultar. Infelizmente no nosso
país o ilustrador ainda é tratado meramente como um ‘complementador’ do texto. Não
estou dizendo que a ilustração é mais importante que o texto, mas que ambos ‘contam’ a
história sob dois pontos de vista. É importante lembrar, porém, que devemos tomar
cuidado para não criar uma ilustração que contradiga o que o texto está
dizendo.
Como falei no post anterior, tomei
a liberdade de ilustrar a personagem Formigarra com quatro patas. Por que fiz
isso? A formiga que morreu de enfarte formigante no livro era a formiga comum,
trabalhadeira, que não tinha nenhum momento de descanso ou lazer. O meu
objetivo era poder diferenciar a formiga da Formigarra. A formiga comum está
retratada sobre as seis patas e leva o alimento na ‘garrinha’. Já a Formigarra,
criação de Gloria Kirinus, continua trabalhadeira, mas agora vê o mundo de
outra forma, tendo seus momentos de ‘ócio criativo’. Retratada sempre em pé,
está ‘humanizada’, visto que nós, seres humanos, temos somente quatro ‘patas’
e, no entanto, somos tidos como seres 'superiores' aos demais animais, ditos
irracionais. Ela é mais que uma simples formiga, é uma formiga 2.0, sofreu uma
transformação, uma metamorfose, é quem une o ‘útil ao agradável’, utilizando
até a escalada para conseguir comida e o carrinho de rolimã para arar a terra.
Não lhe são mais necessárias seis patas, pois o ‘pesado fardo’ que ela
carregava não mais existe. Mais do que usar suas seis patas, agora utiliza o
cérebro para resolver seus dilemas. Não deixou de ser trabalhadeira, mas buscou
outras alternativas para sua própria vida. É o que podemos chamar de ‘licença
poética’ da ilustração.
Diferentemente do coco na bananeira, ressalto que, se o ilustrador tem
a intenção de modificar algo do real, deve deixar bem claro que o fez. Só me
dei o direito de eliminar duas pernas da Formigarra porque fica evidente para
quem lê o livro de que a formiga comum tem seis patas e está retratada como
tal. Ou seja, o leitor tem a possibilidade de ver os dois personagens e questionar o porquê da diferença. E eu pergunto: quando,
na vida real, uma cigarra tocaria uma viola e uma formiga voaria de asa-delta?
Isso não está escrito no texto, mas enfatiza o conteúdo não declarado na
história.
Formigarra/Cigamiga é um livro maravilhoso que foi escrito há muitos anos mas que trata de um assunto muito atual. O que a escritora da Formigarra/Cigamiga procura evidenciar é que o indivíduo não precisa ser
só formiga trabalhadeira ou só cigarra seresteira, mas um misto de ambos, ou
seja, enfatiza a busca do equilíbrio entre trabalho e lazer, tão necessária ao bem estar
humano. E agora, tanto a Formigarra quanto a Cigamiga passam seus dias ‘tricotando’, trocando ideias, lembrando daquele tempo em que eram apenas cigarra e formiga ...
Monday, October 21, 2013
Sunday, October 20, 2013
Tuesday, October 15, 2013
Wednesday, October 9, 2013
Ilustração e Pesquisa
Uma coisa que acho fascinante no mundo da ilustração é o fato de que ela
carrega não somente uma imagem, mas também a ‘bagagem’ de quem ilustra. Tudo
aquilo que você viveu, leu, aprendeu, experimentou, viu, apreciou, enfim, teve
contato, faz parte da sua história e do que você foi, é e será. O que você
desenha será grandemente afetado por todas essas experiências, sentimentos,
sensações e conhecimento.
Ninguém sabe tudo, muito menos sobre tudo
Dizem que o especialista é alguém que sabe muito sobre muito pouco.
Brincadeiras à parte, no que se refere a conhecimento e ilustração, quanto mais
você se informar, maior será a possibilidade de criar algo realmente novo e
interessante. Eu até me pergunto: como vamos imaginar algo se não obtivermos
informações a respeito? Além disso, será que não corremos o risco de criar algo
que já foi criado? E como saberemos se algo já foi criado se não pesquisarmos?
A pesquisa faz parte do trabalho do ilustrador. Para ilustrar, é muito
importante que o ilustrador leia muito, informe-se, seja curioso... A
meu ver, não basta ler somente o texto que está sendo ilustrado, mas tudo o que
esteja relacionado ao mesmo e o que mais for possível.
Vou dar alguns exemplos do que estou falando nas ilustrações que tenho
realizado: uma vez me solicitaram uma ilustração para um texto que fazia
referência ao livro ‘O sofá estampado’, de Lygia Bojunga. O texto falava do
Tatu Vítor, mas não do sofá ou das cartas... Como eu poderia ilustrar um texto
sobre o Tatu Vítor se não soubesse do que se tratava o livro ao qual se
referia? Será que não teria feito algo vazio, ou apenas teria
repetido na imagem o que o texto narrava? O fato de eu ter conhecimento da obra
que originou esse segundo texto possibilitou uma ilustração na qual inseri
conteúdos que não tinham só a ver com o texto em questão, mas faziam referência
à história original.
No livro O Jardim Diferente, do escritor Israel Belo, também
por mim ilustrado, ele fala em ‘acácias, eucaliptos, ipês, oitis e urtigas’.
Geralmente a ação do livro está relacionada aos personagens, mas neste trecho
do livro ele estava falando do que havia no Jardim do Éden, então o foco estava
mesmo nas árvores. Para desenhá-las, fiz uma pesquisa dos vários tipos citados
e das cores. Eu nunca tinha visto um oiti até então (na verdade, nunca tinha
ouvido nem falar em oitis). Cheguei até a trazer uma folhinha o oiti para casa.
Foi interessante pesquisar sobre o assunto e desenhar tais árvores na mesma
ilustração. Claro que desenhei no meu estilo, mas mesmo assim tive o
cuidado de não somente desenhar árvores diferentes, mas que fossem
‘reconhecíveis’.
Em outro livro de Israel Belo, O Homem que Gostava de Enganar,
procurei informações sobre a época em que as pessoas viviam, como eram as
estampas das roupas das pessoas daquela região, o que comiam, etc.
Hoje, com a internet, fica muito mais fácil pesquisar. Desenhar sobre
assuntos aos quais não temos acesso é ainda mais complicado, portanto é
necessário ainda mais pesquisa e leitura.
Por que estou falando sobre isso? Como eu já comentei em um post
anterior, é estranho ver um coco numa bananeira. Isso aconteceu porque
provavelmente a pessoa que realizou essa ilustração nunca viu uma bananeira ou
um coqueiro e provavelmente não sabe diferenciá-los. Como era um livro
traduzido para o português, utilizando as imagens originais, provavelmente o
ilustrador não era brasileiro (e nem tinha o nome de quem ilustrou no livro!).
Para ilustrar a Formigarra/Cigamiga, consultei o livro Synthomas de Poesia
na Infância, também da autora Gloria Kirinus. Neste livro há um capítulo que
explica com mais detalhes do que se trata a Formigarra/Cigamiga e isso permitiu
que eu pudesse ter mais liberdade e segurança para criar as ilustrações do
livro.
Com tudo isso, estaria eu dizendo que não podemos ousar nas ilustrações?
De modo algum. Eu gosto muuuuito quando vejo uma ilustração em que o ilustrador
'saiu do quadrado' e percebo que as crianças também curtem muito.
Particularmente, costumam ser as minhas preferidas!
Um exemplo do fato de não seguir o real no meu trabalho é a personagem
Formigarra. Os leitores vão perceber que a Formigarra é uma formiga que tem 4
patas, só que dentro do livro há formigas de 6 patas. Por que fiz isso? Eu vou
explicar, mas no próximo post porque este já está muito looooongo...
Thursday, October 3, 2013
Oficina de Ilustração de Hai Cais na FLIM
Neste mês terei a oportunidade de ministrar uma oficina de ilustração de hai cais na Festa Literária do Colégio Medianeira, em Curitiba. Clique no link abaixo para saber mais. Data: 24 de outubro - 16:20h
Oficina de Ilustração de Hai Cais na FLIM - Festa Literária do Colégio Medianeira
Oficina de Ilustração de Hai Cais na FLIM - Festa Literária do Colégio Medianeira
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