Friday, October 25, 2013

OFICINA DE ILUSTRAÇÃO NA FLIM - MEDIANEIRA

Ontem tive o prazer de ministrar uma oficina de ilustração de Hai Cais na Festa Literária do Colégio Medianeira. Foi uma experiência maravilhosa! Havia onze pessoas na oficina, todos muito animados e dedicados! 

Para começar, falamos um pouco sobre ilustração, cores, rafes, como é o meu processo de trabalho. Falei sobre as técnicas que eu uso e a partir daí os alunos escolheram os hai cais que desejavam ilustrar. A oficina deveria durar um hora, mas acabamos ficando quase três horas enquanto todos desenhavam, pintavam e trocavam experiências.

Agradeço a Alvaro Posselt, Gloria Kirinus, Rita de Cássia M. Alcaraz, Célia Cris Silva e Marilza Conceição por terem cedido os hai cais para a oficina!

Agradeço a presença dos alunos (se eu errar na grafia dos nomes, me desculpem, mas como só falamos e não escrevemos, pode acabar faltando ou sobrando alguma letra!): Priscila, Vivian, Lauren, Silvana, Lina, Vítor, Luciano, Natália, Isabella, Gabriela e Yury!

Obrigada ao Colégio Medianeira pela oportunidade!








Thursday, October 24, 2013

‘Meramente ilustrativo’ versus a ‘licença poética’ da ilustração


Como ilustradora, acredito que a ilustração em geral não visa apenas decorar um texto ou repetir o conteúdo através de imagens. Mais do que isso, tem como objetivo expressar sentimentos, elucidar aquilo que está nas entrelinhas, provocar até, entre outras funções. ‘Tanto é vero’ que existem livros sem texto e a ilustração fala por si. Seu objetivo não é retratar o mundo exatamente como ele é, mas dar ao leitor a possibilidade de questionar o texto, relacionar o mesmo à sua vida, fazer pensar, suscitar ideias, acompanhar e complementar o enredo. Se pensarmos que toda ilustração deve apenas retratar a realidade, acho não teríamos mais trabalho para ilustradores, mas para fotógrafos. É claro que existem os ilustradores que trabalham com imagens hiper-realistas (que acho fantásticas!), cujo objetivo é retratar o objeto exatamente como ele é. Mas neste caso, vamos falar de algo diferente. A ilustração é muito importante num livro infantil, porque muitas vezes a criança ainda não lê o texto, focando só nas imagens.

Nem sempre o ilustrador é considerado um autor, mas apenas um prestador de serviço. Isso é um equívoco, pois o ilustrador é o autor da imagem e deveria ser até considerado co-autor de um livro infantil. Aqui no Brasil, infelizmente, o ilustrador geralmente não tem o mesmo ‘status’ de um escritor. O escritor é visto como o verdadeiro autor do livro. Isso não acontece na Itália. Lá os dois são considerados autores e ambos os nomes aparecem na capa com a mesma fonte e também com o mesmo tamanho de fonte. E aqui ainda encontramos editores que se recusam a colocar o nome do ilustrador na capa a não ser que esteja previsto em contrato e ainda se dão o direito de modificar a sua ilustração sem lhe consultar. Infelizmente no nosso país o ilustrador ainda é tratado meramente como um ‘complementador’ do texto. Não estou dizendo que a ilustração é mais importante que o texto, mas que ambos ‘contam’ a história sob dois pontos de vista. É importante lembrar, porém, que devemos tomar cuidado para não criar uma ilustração que contradiga o que o texto está dizendo.

Como falei no post anterior, tomei a liberdade de ilustrar a personagem Formigarra com quatro patas. Por que fiz isso? A formiga que morreu de enfarte formigante no livro era a formiga comum, trabalhadeira, que não tinha nenhum momento de descanso ou lazer. O meu objetivo era poder diferenciar a formiga da Formigarra. A formiga comum está retratada sobre as seis patas e leva o alimento na ‘garrinha’. Já a Formigarra, criação de Gloria Kirinus, continua trabalhadeira, mas agora vê o mundo de outra forma, tendo seus momentos de ‘ócio criativo’. Retratada sempre em pé, está ‘humanizada’, visto que nós, seres humanos, temos somente quatro ‘patas’ e, no entanto, somos tidos como seres 'superiores' aos demais animais, ditos irracionais. Ela é mais que uma simples formiga, é uma formiga 2.0, sofreu uma transformação, uma metamorfose, é quem une o ‘útil ao agradável’, utilizando até a escalada para conseguir comida e o carrinho de rolimã para arar a terra. Não lhe são mais necessárias seis patas, pois o ‘pesado fardo’ que ela carregava não mais existe. Mais do que usar suas seis patas, agora utiliza o cérebro para resolver seus dilemas. Não deixou de ser trabalhadeira, mas buscou outras alternativas para sua própria vida. É o que podemos chamar de ‘licença poética’ da ilustração. 

Diferentemente do coco na bananeira, ressalto que, se o ilustrador tem a intenção de modificar algo do real, deve deixar bem claro que o fez. Só me dei o direito de eliminar duas pernas da Formigarra porque fica evidente para quem lê o livro de que a formiga comum tem seis patas e está retratada como tal. Ou seja, o leitor tem a possibilidade de ver os dois personagens e questionar o porquê da diferença. E eu pergunto: quando, na vida real, uma cigarra tocaria uma viola e uma formiga voaria de asa-delta? Isso não está escrito no texto, mas enfatiza o conteúdo não declarado na história. 

Formigarra/Cigamiga é um livro maravilhoso que foi escrito há muitos anos mas que trata de um assunto muito atual. O que a escritora da Formigarra/Cigamiga procura evidenciar é que o indivíduo não precisa ser só formiga trabalhadeira ou só cigarra seresteira, mas um misto de ambos, ou seja, enfatiza a busca do equilíbrio entre trabalho e lazer, tão necessária ao bem estar humano. E agora, tanto a Formigarra quanto a Cigamiga passam seus dias ‘tricotando’, trocando ideias, lembrando daquele tempo em que eram apenas cigarra e formiga ...

Wednesday, October 9, 2013

Ilustração e Pesquisa

Uma coisa que acho fascinante no mundo da ilustração é o fato de que ela carrega não somente uma imagem, mas também a ‘bagagem’ de quem ilustra. Tudo aquilo que você viveu, leu, aprendeu, experimentou, viu, apreciou, enfim, teve contato, faz parte da sua história e do que você foi, é e será. O que você desenha será grandemente afetado por todas essas experiências, sentimentos, sensações e conhecimento.

Ninguém sabe tudo, muito menos sobre tudo

Dizem que o especialista é alguém que sabe muito sobre muito pouco. Brincadeiras à parte, no que se refere a conhecimento e ilustração, quanto mais você se informar, maior será a possibilidade de criar algo realmente novo e interessante. Eu até me pergunto: como vamos imaginar algo se não obtivermos informações a respeito? Além disso, será que não corremos o risco de criar algo que já foi criado? E como saberemos se algo já foi criado se não pesquisarmos?

A pesquisa faz parte do trabalho do ilustrador. Para ilustrar, é muito importante que o ilustrador leia muito, informe-se, seja curioso...  A meu ver, não basta ler somente o texto que está sendo ilustrado, mas tudo o que esteja relacionado ao mesmo e o que mais for possível.

Vou dar alguns exemplos do que estou falando nas ilustrações que tenho realizado: uma vez me solicitaram uma ilustração para um texto que fazia referência ao livro ‘O sofá estampado’, de Lygia Bojunga. O texto falava do Tatu Vítor, mas não do sofá ou das cartas... Como eu poderia ilustrar um texto sobre o Tatu Vítor se não soubesse do que se tratava o livro ao qual se referia?  Será que não teria feito algo vazio, ou apenas teria repetido na imagem o que o texto narrava? O fato de eu ter conhecimento da obra que originou esse segundo texto possibilitou uma ilustração na qual inseri conteúdos que não tinham só a ver com o texto em questão, mas faziam referência à história original.

No livro O Jardim Diferente, do escritor Israel Belo, também por mim ilustrado, ele fala em ‘acácias, eucaliptos, ipês, oitis e urtigas’. Geralmente a ação do livro está relacionada aos personagens, mas neste trecho do livro ele estava falando do que havia no Jardim do Éden, então o foco estava mesmo nas árvores. Para desenhá-las, fiz uma pesquisa dos vários tipos citados e das cores. Eu nunca tinha visto um oiti até então (na verdade, nunca tinha ouvido nem falar em oitis). Cheguei até a trazer uma folhinha o oiti para casa. Foi interessante pesquisar sobre o assunto e desenhar tais árvores na mesma ilustração. Claro que desenhei no meu estilo, mas mesmo assim tive o cuidado de não somente desenhar árvores diferentes, mas que fossem ‘reconhecíveis’.

Em outro livro de Israel Belo, O Homem que Gostava de Enganar, procurei informações sobre a época em que as pessoas viviam, como eram as estampas das roupas das pessoas daquela região, o que comiam, etc. 

Hoje, com a internet, fica muito mais fácil pesquisar. Desenhar sobre assuntos aos quais não temos acesso é ainda mais complicado, portanto é necessário ainda mais pesquisa e leitura.

Por que estou falando sobre isso? Como eu já comentei em um post anterior, é estranho ver um coco numa bananeira. Isso aconteceu porque provavelmente a pessoa que realizou essa ilustração nunca viu uma bananeira ou um coqueiro e provavelmente não sabe diferenciá-los. Como era um livro traduzido para o português, utilizando as imagens originais, provavelmente o ilustrador não era brasileiro (e nem tinha o nome de quem ilustrou no livro!).

Para ilustrar a Formigarra/Cigamiga, consultei o livro Synthomas de Poesia na Infância, também da autora Gloria Kirinus. Neste livro há um capítulo que explica com mais detalhes do que se trata a Formigarra/Cigamiga e isso permitiu que eu pudesse ter mais liberdade e segurança para criar as ilustrações do livro.

Com tudo isso, estaria eu dizendo que não podemos ousar nas ilustrações? De modo algum. Eu gosto muuuuito quando vejo uma ilustração em que o ilustrador 'saiu do quadrado' e percebo que as crianças também curtem muito. Particularmente, costumam ser as minhas preferidas!

Um exemplo do fato de não seguir o real no meu trabalho é a personagem Formigarra. Os leitores vão perceber que a Formigarra é uma formiga que tem 4 patas, só que dentro do livro há formigas de 6 patas. Por que fiz isso? Eu vou explicar, mas no próximo post porque este já está muito looooongo...

Thursday, October 3, 2013

Oficina de Ilustração de Hai Cais na FLIM

Neste mês terei a oportunidade de ministrar uma oficina de ilustração de hai cais na Festa Literária do Colégio Medianeira, em Curitiba. Clique no link abaixo para saber mais. Data: 24 de outubro - 16:20h

Oficina de Ilustração de Hai Cais na FLIM - Festa Literária do Colégio Medianeira