Depois de
alguns anos ilustrando, fico me lembrando de que, quando eu comecei nessa área
de atuação, havia muitas coisas que não sabia. Foi mais ou menos como aprender a dirigir. No começo a gente
fica prestando atenção em todos os detalhes, como virar a chave, pressionar a embreagem... olha um monte
de vezes no retrovisor, olha para a marcha para engatar, coloca a seta para
virar mas acaba ligando a luz alta... Mas, depois de algum tempo, a gente faz
tudo no automático e pensa: nossa, nem sei como cheguei em casa.
Assim
também acontece com algumas informações do livro que no começo eram, pelo menos
para mim, muito misteriosas. Isso acontece porque as faculdades ensinam história da arte, anatomia, metodologias, etc... mas não ensinam a gente a se posicionar no mercado de trabalho, a fazer um livro, a negociar, etc...
Vou mencionar aqui algumas dicas do que levei um tempo pesquisando quando comecei:
Vou mencionar aqui algumas dicas do que levei um tempo pesquisando quando comecei:
1. O livro
infantil geralmente tem o número de páginas múltiplo de 8. Isso para aproveitar
melhor o papel e também para formar os ‘cadernos’. Livros com 16, 24 ou 32
páginas são os mais comuns. Informação importante para quando você for planejar um livro
do início ao fim.
2. A
história não começa na página 1. Observe os livros infantis (em casa ou na
livraria). Na primeira página geralmente vem a folha de rosto, na página 2 a
Ficha Catalográfica, às vezes tem também dedicatória ou sumário. Às vezes, não. Nesse
caso, o livro começa na página 3. E não é costume inserir número de página na
folha de rosto.
3. Também
não há necessidade de preencher todas as páginas com ilustrações, nem tampouco
fazer todas do mesmo tamanho.
4. Ao
planejar as ilustrações, pense na quantidade de texto que irá em cada página.
5. Se
houver algum suspense ou surpresa na história, vale a pena planejar para que a
ilustração fique numa página par (ou à esquerda), a fim de que o leitor não
veja antes de virar a página.
6. O texto
também pode fazer parte da ilustração. Ao diagramar, podemos deformar ou mudar a
fonte de modo que também essa demonstre o que acontece no livro.
7. Quando
planejar um personagem, fazer o possível para que seja consistente em todas as
páginas e reconhecível. No livro infantil (para crianças bem pequenas) as
expressões podem ser mais simples. À medida que as crianças ficam maiores, aí
sim as ilustrações podem ser mais elaboradas.
8. Você já
deve ter notado que roupas de alguns personagens ‘pararam no tempo’. Isso se
deve ao fato de que o livro dura muitos anos e alguns ilustradores preferem que
o livro seja ‘atemporal’.
9. Quando
montar a sua ‘boneca’ do livro, observar as páginas que ficam bem no meio do livro. Como
muitos livros infantis são grampeados, vale a pena observar para que essas ilustrações
combinem entre si, ou até mesmo que formem uma ‘grande’ ilustração dupla.
10. Ao
ilustrar para uma editora, é bom obter aprovação dos roughs por escrito (via
email) antes de finalizar as mesmas.
11. Ler e
reler o texto para evitar pintar de marrom os cabelos da ‘princesa de cachos
dourados’. 😀
12. Observe
os formatos dos livros infantis. É mais comum um formato quadrado ou ‘paisagem’
que formato ‘retrato’.
13. Uma
ilustração não precisa seguir anatomia nem perspectiva.
Se tiver alguma dúvida, entre em contato!
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