Sunday, December 8, 2013
Monday, November 18, 2013
O que o texto não diz
Em muitos
textos infantis, às vezes a história se desenrola de um modo que não sabemos
onde os personagens estão ou o que estão fazendo enquanto falam. Uma
característica que gosto em algumas ilustrações é quando a ilustração diz algo
a mais sobre a história, especialmente quando o texto não diz. Sempre que
possível, tento ilustrar de um modo que não seja mera repetição do que diz o
texto.
Por exemplo,
no início do livro ‘A Busca de Aninha’, que ilustrei, os pais conversam com a
filha e o texto não revela o que estão fazendo nem onde estão. Como Aninha
tinha acabado de chegar da escola, já foi falando com o pai e a mãe sobre o seu dia. Como ela
chegou? Alguém a trouxe? Ela foi sozinha? Estava de uniforme ou não? Sabemos
que muitas crianças ainda vão à escola sozinhas, mas como nas grandes cidades
geralmente são levadas pelos pais, ilustrei essa parte incluindo a mãe, como se
ela tivesse ido buscar a menina. Nesse momento inicia-se a conversa entre os
três (pai, mãe e filha) sobre o que aconteceu na escola e me perguntei: onde
estavam? Na sala, no sofá? O diálogo era longo, o que tomaria algumas páginas.
Considerei que as ilustrações seriam um pouco entendiantes se eles ficassem o tempo todo na sala
conversando. Coloquei-me na situação deles: quando meus filhos chegam da
escola, o que fazemos, em que lugar da casa estamos? Assim, ao invés de ilustrá-los
somente conversando, resolvi incluir na história o que geralmente acontece em
algumas famílias quando uma criança chega em casa depois da escola: uma
refeição com os pais ou em família. Os personagens, durante o tempo em que
estão conversando sobre o ‘problema’ que a menina precisa resolver, arrumam a
mesa, comem e retiram os pratos. Entretanto,
desse momento da história, o que mais me chamou a atenção no texto foi o seguinte
diálogo:
“— Ai, papai, estou
tão nervosa... Não sei bem por onde começar! O senhor vai me ajudar, não vai?
— Pede pra mamãe,
filhinha.
— Opa! Não me ponha
nessa história. Eu não tenho vocação para detetive — disse a mãe já saindo de fininho.
— Xiii... Estou
vendo que vai sobrar para mim — disse o pai já conformado com a nova missão.
— Oba! —
exclamou Aninha. — O papai vai me ajudar. Que bom!”
Quando eu li esse
texto pela primeira vez, fiquei um pouco impressionada com a atitude da mãe, ‘saindo
de fininho’. Eu me perguntei: por que a mãe teria deixado de ajudar a filha? Fiquei
me imaginando na situação. O que uma mãe tem tanto a fazer que resolve delegar
ao pai essa tarefa com a filha? Para que o leitor não tivesse a sensação de que
a mãe não queria ajudar a filha ou que tratou o seu problema com descaso,
resolvi ilustrar a mãe levando os pratos para a pia, que já estava cheia de
louça. Ou seja, podemos dizer que a ilustração ajudou a elucidar o motivo pelo qual a mãe não
poderia ajudar a menina (na interpretação do ilustrador, pelo menos...). Não porque ela não queria, mas porque tinha outras
tarefas a fazer. Veja ilustração abaixo:
Finalizando, é
importante ressaltar que essa 'liberdade' que tomei foi apresentada e aprovada
pelo editor. Como já disse antes em outro post, todas as minhas ilustrações são apresentadas em forma de ‘rafes’ previamente e
sempre aprovadas pela editora. Assim a
editora tem a segurança de que não terá nenhuma surpresa e eu tenho a segurança
de que não terei que refazer nenhuma ilustração.
Wednesday, November 6, 2013
Sunday, November 3, 2013
Friday, October 25, 2013
OFICINA DE ILUSTRAÇÃO NA FLIM - MEDIANEIRA
Ontem tive o prazer de ministrar uma oficina de ilustração de Hai Cais na Festa Literária do Colégio Medianeira. Foi uma experiência maravilhosa! Havia onze pessoas na oficina, todos muito animados e dedicados!
Para começar, falamos um pouco sobre ilustração, cores, rafes, como é o meu processo de trabalho. Falei sobre as técnicas que eu uso e a partir daí os alunos escolheram os hai cais que desejavam ilustrar. A oficina deveria durar um hora, mas acabamos ficando quase três horas enquanto todos desenhavam, pintavam e trocavam experiências.
Agradeço a Alvaro Posselt, Gloria Kirinus, Rita de Cássia M. Alcaraz, Célia Cris Silva e Marilza Conceição por terem cedido os hai cais para a oficina!
Agradeço a presença dos alunos (se eu errar na grafia dos nomes, me desculpem, mas como só falamos e não escrevemos, pode acabar faltando ou sobrando alguma letra!): Priscila, Vivian, Lauren, Silvana, Lina, Vítor, Luciano, Natália, Isabella, Gabriela e Yury!
Obrigada ao Colégio Medianeira pela oportunidade!
Para começar, falamos um pouco sobre ilustração, cores, rafes, como é o meu processo de trabalho. Falei sobre as técnicas que eu uso e a partir daí os alunos escolheram os hai cais que desejavam ilustrar. A oficina deveria durar um hora, mas acabamos ficando quase três horas enquanto todos desenhavam, pintavam e trocavam experiências.
Agradeço a Alvaro Posselt, Gloria Kirinus, Rita de Cássia M. Alcaraz, Célia Cris Silva e Marilza Conceição por terem cedido os hai cais para a oficina!
Agradeço a presença dos alunos (se eu errar na grafia dos nomes, me desculpem, mas como só falamos e não escrevemos, pode acabar faltando ou sobrando alguma letra!): Priscila, Vivian, Lauren, Silvana, Lina, Vítor, Luciano, Natália, Isabella, Gabriela e Yury!
Obrigada ao Colégio Medianeira pela oportunidade!
Thursday, October 24, 2013
‘Meramente ilustrativo’ versus a ‘licença poética’ da ilustração
Como ilustradora, acredito que a
ilustração em geral não visa apenas decorar um texto ou repetir o conteúdo
através de imagens. Mais do que isso, tem como objetivo expressar sentimentos,
elucidar aquilo que está nas entrelinhas, provocar até, entre outras funções. ‘Tanto é vero’ que existem livros sem
texto e a ilustração fala por si. Seu objetivo não é retratar o mundo
exatamente como ele é, mas dar ao leitor a possibilidade de questionar o texto,
relacionar o mesmo à sua vida, fazer pensar, suscitar ideias, acompanhar e
complementar o enredo. Se pensarmos que toda ilustração deve apenas retratar a
realidade, acho não teríamos mais trabalho para ilustradores, mas para fotógrafos.
É claro que existem os ilustradores que trabalham com imagens hiper-realistas (que acho fantásticas!),
cujo objetivo é retratar o objeto exatamente como ele é. Mas neste caso, vamos falar de algo diferente. A ilustração é muito importante num livro infantil, porque muitas vezes a criança ainda não lê o texto, focando só nas imagens.
Nem sempre o ilustrador é
considerado um autor, mas apenas um prestador de serviço. Isso é um equívoco,
pois o ilustrador é o autor da imagem e deveria ser até considerado co-autor de
um livro infantil. Aqui no Brasil, infelizmente, o ilustrador geralmente não
tem o mesmo ‘status’ de um escritor. O escritor é visto como o verdadeiro autor
do livro. Isso não acontece na Itália. Lá os dois são considerados autores e
ambos os nomes aparecem na capa com a mesma fonte e também com o mesmo tamanho
de fonte. E aqui ainda encontramos editores que se recusam a colocar o nome do
ilustrador na capa a não ser que esteja previsto em contrato e ainda se dão o
direito de modificar a sua ilustração sem lhe consultar. Infelizmente no nosso
país o ilustrador ainda é tratado meramente como um ‘complementador’ do texto. Não
estou dizendo que a ilustração é mais importante que o texto, mas que ambos ‘contam’ a
história sob dois pontos de vista. É importante lembrar, porém, que devemos tomar
cuidado para não criar uma ilustração que contradiga o que o texto está
dizendo.
Como falei no post anterior, tomei
a liberdade de ilustrar a personagem Formigarra com quatro patas. Por que fiz
isso? A formiga que morreu de enfarte formigante no livro era a formiga comum,
trabalhadeira, que não tinha nenhum momento de descanso ou lazer. O meu
objetivo era poder diferenciar a formiga da Formigarra. A formiga comum está
retratada sobre as seis patas e leva o alimento na ‘garrinha’. Já a Formigarra,
criação de Gloria Kirinus, continua trabalhadeira, mas agora vê o mundo de
outra forma, tendo seus momentos de ‘ócio criativo’. Retratada sempre em pé,
está ‘humanizada’, visto que nós, seres humanos, temos somente quatro ‘patas’
e, no entanto, somos tidos como seres 'superiores' aos demais animais, ditos
irracionais. Ela é mais que uma simples formiga, é uma formiga 2.0, sofreu uma
transformação, uma metamorfose, é quem une o ‘útil ao agradável’, utilizando
até a escalada para conseguir comida e o carrinho de rolimã para arar a terra.
Não lhe são mais necessárias seis patas, pois o ‘pesado fardo’ que ela
carregava não mais existe. Mais do que usar suas seis patas, agora utiliza o
cérebro para resolver seus dilemas. Não deixou de ser trabalhadeira, mas buscou
outras alternativas para sua própria vida. É o que podemos chamar de ‘licença
poética’ da ilustração.
Diferentemente do coco na bananeira, ressalto que, se o ilustrador tem
a intenção de modificar algo do real, deve deixar bem claro que o fez. Só me
dei o direito de eliminar duas pernas da Formigarra porque fica evidente para
quem lê o livro de que a formiga comum tem seis patas e está retratada como
tal. Ou seja, o leitor tem a possibilidade de ver os dois personagens e questionar o porquê da diferença. E eu pergunto: quando,
na vida real, uma cigarra tocaria uma viola e uma formiga voaria de asa-delta?
Isso não está escrito no texto, mas enfatiza o conteúdo não declarado na
história.
Formigarra/Cigamiga é um livro maravilhoso que foi escrito há muitos anos mas que trata de um assunto muito atual. O que a escritora da Formigarra/Cigamiga procura evidenciar é que o indivíduo não precisa ser
só formiga trabalhadeira ou só cigarra seresteira, mas um misto de ambos, ou
seja, enfatiza a busca do equilíbrio entre trabalho e lazer, tão necessária ao bem estar
humano. E agora, tanto a Formigarra quanto a Cigamiga passam seus dias ‘tricotando’, trocando ideias, lembrando daquele tempo em que eram apenas cigarra e formiga ...
Monday, October 21, 2013
Sunday, October 20, 2013
Tuesday, October 15, 2013
Wednesday, October 9, 2013
Ilustração e Pesquisa
Uma coisa que acho fascinante no mundo da ilustração é o fato de que ela
carrega não somente uma imagem, mas também a ‘bagagem’ de quem ilustra. Tudo
aquilo que você viveu, leu, aprendeu, experimentou, viu, apreciou, enfim, teve
contato, faz parte da sua história e do que você foi, é e será. O que você
desenha será grandemente afetado por todas essas experiências, sentimentos,
sensações e conhecimento.
Ninguém sabe tudo, muito menos sobre tudo
Dizem que o especialista é alguém que sabe muito sobre muito pouco.
Brincadeiras à parte, no que se refere a conhecimento e ilustração, quanto mais
você se informar, maior será a possibilidade de criar algo realmente novo e
interessante. Eu até me pergunto: como vamos imaginar algo se não obtivermos
informações a respeito? Além disso, será que não corremos o risco de criar algo
que já foi criado? E como saberemos se algo já foi criado se não pesquisarmos?
A pesquisa faz parte do trabalho do ilustrador. Para ilustrar, é muito
importante que o ilustrador leia muito, informe-se, seja curioso... A
meu ver, não basta ler somente o texto que está sendo ilustrado, mas tudo o que
esteja relacionado ao mesmo e o que mais for possível.
Vou dar alguns exemplos do que estou falando nas ilustrações que tenho
realizado: uma vez me solicitaram uma ilustração para um texto que fazia
referência ao livro ‘O sofá estampado’, de Lygia Bojunga. O texto falava do
Tatu Vítor, mas não do sofá ou das cartas... Como eu poderia ilustrar um texto
sobre o Tatu Vítor se não soubesse do que se tratava o livro ao qual se
referia? Será que não teria feito algo vazio, ou apenas teria
repetido na imagem o que o texto narrava? O fato de eu ter conhecimento da obra
que originou esse segundo texto possibilitou uma ilustração na qual inseri
conteúdos que não tinham só a ver com o texto em questão, mas faziam referência
à história original.
No livro O Jardim Diferente, do escritor Israel Belo, também
por mim ilustrado, ele fala em ‘acácias, eucaliptos, ipês, oitis e urtigas’.
Geralmente a ação do livro está relacionada aos personagens, mas neste trecho
do livro ele estava falando do que havia no Jardim do Éden, então o foco estava
mesmo nas árvores. Para desenhá-las, fiz uma pesquisa dos vários tipos citados
e das cores. Eu nunca tinha visto um oiti até então (na verdade, nunca tinha
ouvido nem falar em oitis). Cheguei até a trazer uma folhinha o oiti para casa.
Foi interessante pesquisar sobre o assunto e desenhar tais árvores na mesma
ilustração. Claro que desenhei no meu estilo, mas mesmo assim tive o
cuidado de não somente desenhar árvores diferentes, mas que fossem
‘reconhecíveis’.
Em outro livro de Israel Belo, O Homem que Gostava de Enganar,
procurei informações sobre a época em que as pessoas viviam, como eram as
estampas das roupas das pessoas daquela região, o que comiam, etc.
Hoje, com a internet, fica muito mais fácil pesquisar. Desenhar sobre
assuntos aos quais não temos acesso é ainda mais complicado, portanto é
necessário ainda mais pesquisa e leitura.
Por que estou falando sobre isso? Como eu já comentei em um post
anterior, é estranho ver um coco numa bananeira. Isso aconteceu porque
provavelmente a pessoa que realizou essa ilustração nunca viu uma bananeira ou
um coqueiro e provavelmente não sabe diferenciá-los. Como era um livro
traduzido para o português, utilizando as imagens originais, provavelmente o
ilustrador não era brasileiro (e nem tinha o nome de quem ilustrou no livro!).
Para ilustrar a Formigarra/Cigamiga, consultei o livro Synthomas de Poesia
na Infância, também da autora Gloria Kirinus. Neste livro há um capítulo que
explica com mais detalhes do que se trata a Formigarra/Cigamiga e isso permitiu
que eu pudesse ter mais liberdade e segurança para criar as ilustrações do
livro.
Com tudo isso, estaria eu dizendo que não podemos ousar nas ilustrações?
De modo algum. Eu gosto muuuuito quando vejo uma ilustração em que o ilustrador
'saiu do quadrado' e percebo que as crianças também curtem muito.
Particularmente, costumam ser as minhas preferidas!
Um exemplo do fato de não seguir o real no meu trabalho é a personagem
Formigarra. Os leitores vão perceber que a Formigarra é uma formiga que tem 4
patas, só que dentro do livro há formigas de 6 patas. Por que fiz isso? Eu vou
explicar, mas no próximo post porque este já está muito looooongo...
Thursday, October 3, 2013
Oficina de Ilustração de Hai Cais na FLIM
Neste mês terei a oportunidade de ministrar uma oficina de ilustração de hai cais na Festa Literária do Colégio Medianeira, em Curitiba. Clique no link abaixo para saber mais. Data: 24 de outubro - 16:20h
Oficina de Ilustração de Hai Cais na FLIM - Festa Literária do Colégio Medianeira
Oficina de Ilustração de Hai Cais na FLIM - Festa Literária do Colégio Medianeira
Monday, September 30, 2013
Roughs – Rafes
O que são os Roughs? Também muito usada a palavra ‘rafes’,
roughs são os esboços ou rascunhos das ilustrações, na maioria das vezes feitos
a lápis.
Para que servem os rafes?
Cada pessoa que lê um texto imagina de um jeito. O editor,
quando solicita um trabalho de ilustração, não tem ideia do que você está
pensando. Como ele terá segurança de que o resultado final do seu trabalho irá
de encontro às expectativas dele?
Quando recebo uma solicitação de orçamento, geralmente eu já
estabeleço nas ‘condições’ que entregarei os rafes alguns dias depois de ter
assinado o contrato e que, após a aprovação dos mesmos, as ilustrações não
poderão ser mais alteradas sem ônus. O tempo de qualquer profissional,
inclusive o ilustrador, é precioso e não podemos ficar alterando ilustrações
prontas. Temos que passar para o próximo trabalho (ou prospecção, tratativas,
negociação) pois é assim que pagamos nossas contas. Apesar de muitos pensarem
que o ilustrador passa seus dias ‘rabiscando, desenhando, pintando’, isso não
quer dizer que você deva trabalhar de graça.
Voltando aos rafes: Para entrar num acordo e não ter que
mudar uma ilustração inteira na última hora, eu sempre faço os rafes a lápis de
cada página. Digitalizo essas imagens, monto um arquivo com as mesmas, insiro
os trechos do texto referentes às imagens e envio esse arquivo (em formato pdf)
para a aprovação da editora (Isso dá trabalho, mas também já me rendeu
benefícios!). Com esse arquivo, o editor não só visualiza como vai ficar o
livro, como também tem a certeza de que você pensou em tudo e que não vão
faltar páginas para itens importantes como os créditos e a folha de rosto, nem
espaço para o texto em cada ilustração. Como mencionei no post anterior, esse
arquivo é útil para o diagramador, que não terá dúvidas sobre o que fazer com o
texto e a ordem das ilustrações. Somente a partir do momento em que foram
aprovados por escrito (no mínimo por e-mail), passo a trabalhar nas ilustrações
do livro. Na ilustração digital, é comum os editores solicitarem mudanças
depois da mesma pronta, porém, numa ilustração feita com tinta acrílica, é
praticamente impossível fazer alterações sem prejudicar a imagem final.
Portanto, o rafe é importantíssimo para o trabalho do
ilustrador. Certamente há ilustradores que trabalham de outro modo. Mas eu
prefiro ter a aprovação do cliente antes de me dedicar horas a uma ilustração e
no fim ter que alterar porque não passou pelo crivo do editor. Posso dizer que
tenho sido ‘abençoada’ e que, até agora, todos os meus rafes foram aprovados.
Porém, isso não quer dizer que eu vá mudar o meu ‘modus operandi’. Prefiro
continuar a fazê-los de modo a ter segurança de que a ilustração que estou
fazendo não terá que ser refeita e que a editora sabe exatamente o que vai
receber.
Outro aspecto muito importante do rafe é o que ele representa para o ilustrador. Um esboço nos ajuda a trabalhar sem a pressão da certeza. O que quero dizer com isso? Você pode criar livremente, errar, sem ter que se preocupar em entregar aquele trabalho. Pode refazê-lo e modificá-lo quantas vezes quiser, pode riscar e rabiscar por cima. É o que nos ajuda a desenvolver a ilustração. Enquanto desenho pensando no texto, também faço anotações de outras alternativas (cabelo, penteados, tipos de roupa, cor do fundo, pequenos detalhes no ambiente e nas roupas, características das pessoas, onde ficará o texto...).
Por exemplo, na rafe da mamãe pegando o bebê abaixo, já pensei em fazê-lo chorando virado para o leitor, ou então em pé no berço, entre tantas outras opções.
Geralmente bem simples, abaixo alguns exemplos do como são os meus rafes.
(Se desejar, cadastre-se para acompanhar todas as postagens. Obrigada!)
(Se desejar, cadastre-se para acompanhar todas as postagens. Obrigada!)
Friday, September 20, 2013
Ilustração de Livro Infantil - Meu Processo de Trabalho
Muitas pessoas me perguntam como faço as minhas ilustrações.
Algumas perguntam se são digitais, outras me perguntam como consegui ‘aquele’
efeito, outras não acreditam que eu ainda use materiais tão tradicionais como
acrílico e pincéis. Eu até tenho uma mesa digitalizadora que é fantástica, e uso
alguns softwares para alguns trabalhos, mas gosto mesmo é das tintas!
Principalmente a tinta acrílica. É um tipo de material muito versátil e de
secagem rápida, e gosto muito dos efeitos que me permite executar. Vou até falar
mais sobre isso em outro post.
Mas como é que eu faço uma ilustração? Ou melhor, como é que
eu organizo o meu trabalho de ilustração de um livro infantil, desde o
comecinho? Bem, eu gostaria de
apresentar um pouco do meu processo de trabalho na ilustração de um livro
infantil.
Análise do Texto, Story-Board e
‘Boneca’ do Livro
Tudo começa com o texto. Geralmente a editora me manda o
texto e solicita um orçamento. O orçamento depende do número de páginas e do
formato do livro. Também é importante ressaltar que o valor das ilustrações
depende do uso da ilustração. Mas isso não vai entrar em discussão agora.
“Você lê o texto antes de ilustrar?”
Depois de acertado o orçamento, prazos, formatos, etc, eu
leio o texto várias vezes (alguns trechos eu chego a memorizar de tanto ler) e
tento imaginar o que o autor quer dizer com aquele trecho ou frase. (Uma observação: eu leio tanto e comento tanto
sobre o texto enquanto estou trabalhando nele, que até o meu marido acaba
memorizando alguns trechos... eh, eh!).
Aqui gostaria de comentar sobre uma
pergunta que me fizeram numa oficina de ilustrações: “Você lê o texto antes de
ilustrar?” Bem, como eu poderia ilustrar algo se não sei do que se trata? E não
basta ler só uma vez, a gente tem que ‘sentir’ o texto, de forma que depois
possamos ‘traduzi-lo’ em imagens. A cada vez que lemos algo, descobrimos alguma
novidade no texto. E, enquanto leio, faço também anotações referentes a outros
textos, características dos personagens, sentimentos, lugares... Também imagino o que os leitores vão pensar a
respeito daquele trecho, que emoções estão sentido os personagens e quais
emoções o texto vai suscitar nos leitores, como é o clima do momento, em que
ambiente estariam ou não, se passou certo tempo na história, etc.
Ao mesmo tempo, faço muita pesquisa sobre o assunto do
livro, sobre a época, roupas, hábitos, cores, moradias, tipo de vegetação (não
é horrível ver um coco numa bananeira? Minha filha ganhou um livro assim) e até
leio outros textos que tem afinidade.
Enquanto isso, já vou imaginando os personagens, o que vestiriam, traços
físicos, faço alguns esboços, procuro referências visuais, não só para saber
como poderiam ser, mas até mais para evitar a repetição do que já existe. Sobre
animais, por exemplo, observo a anatomia, como é o corpo, suas cores e
variações. Isso não quer dizer que o personagem que vou criar será
hiper-realista, uma foto ‘autenticada’ do real. Aliás, isso é o que eu acho mais interessante na ilustração, e vou dedicar um post a isso também.
A partir da leitura eu começo a dividir o texto pelo número
de páginas. É importante lembrar que no livro há também a folha de rosto, os créditos,
e às vezes até dedicatória. Mais do que um story-board, eu gosto de fazer uma
‘boneca’ do livro, onde faço anotações e alguns esboços. Também costumo
imprimir o texto e colar os trechos nas folhas. Isso facilita não só a
visualização da posição do texto, mas deixa o texto acessível para eu verificar
sempre se a ilustração tem a ver com o texto daquela página. É um processo bem
artesanal, talvez alguns considerem até meio ultrapassado, mas funciona bem
para mim. Além desse processo físico, também costumo fazer a mesma coisa de
modo digital: crio um ‘livro’ no computador, insiro o texto separado em cada
página, e insiro os roughs (rafes)
nas páginas. Esse arquivo é o que
eu costumo enviar para a editora para a aprovação dos roughs. Além de apresentar visualmente a ideia do que pretendo
fazer ao editor, esse arquivo também ajuda o diagramador a saber o trecho do
texto que se refere a cada ilustração e o que deve colocar em cada página.
Para finalizar, gostaria ainda de ressaltar: não sei como os outros ilustradores
fazem. Esse é o processo de trabalho que eu executo. Se alguém fizer diferente
e achar que existe um jeito melhor, mais bonito, mais fácil, mais eficiente, eficaz e
efetivo, eu também quero saber! Me
escreva! Vou gostar muito de ouvir seus comentários e sugestões! J
No próximo post eu vou falar
sobre os rafes.
Tuesday, September 10, 2013
Thursday, September 5, 2013
Oficina de Ilustrações - Bienal Internacional de Curitiba - 2013
Ontem, 4 de setembro, tive a satisfação de ministrar uma oficina de ilustrações na Livraria Poetria, integrando a Bienal Internacional de Curitiba. O objetivo era a ilustração de poesias. Eis abaixo algumas fotos do evento. Agradeço a todos os que participaram da oficina, pois enriqueceram o meu dia!
Friday, August 30, 2013
As Quatro Estações
Ilustração que fiz para o livro 'O Jardim Diferente', de Israel Belo de Azevedo, Editora United Press.
Thursday, July 25, 2013
Tuesday, May 21, 2013
Cupcakes de Chocolate Ilustrados
Friday, May 3, 2013
Friday, April 19, 2013
Tuesday, March 19, 2013
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